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Amor x paixão: por que o desejo diminui com o tempo?

Você sentiu que a paixão diminuiu ao dar espaço para o amor? Calma, existe explicação

Por Julia Minhoto
22 jan 2023, 08h14
relacionamento
Paixão tende a reduzir com o tempo, mas isso não significa uma vida sem desejo.  (Toa Heftiba/Unsplash)
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Para muitas pessoas, os relacionamentos passam por duas etapas. Na primeira, a da paixão, o desejo está em alta, o casal não se desgruda e temos aquela sensação gostosa de frio na barriga. Isso, no entanto, costuma esfriar com o tempo, dando espaço ao amor, mais sóbrio e confidente. Mas por que a maioria dos relacionamentos não consegue combinar essas duas emoções? E como fazer para se sentir novamente apaixonada pela pessoa em que você está em um relacionamento duradouro?

Para entender melhor essa questão, conversamos com Fabiana Saes, psicóloga pela Universidade Metodista de São Paulo.

Paixão e amor são coisas distintas?

A resposta para essa pergunta está na sua química cerebral! Durante a conquista, existe um predomínio de testosterona que é responsável pelo desejo sexual. Após isso, a paixão, caracterizada pelos efeitos da dopamina no cérebro, faz com que o corpo responda com aumento de energia, hiperatividade, falta de sono, respiração acelerada, coração pulsante, êxtase e pensamento obsessivo. “Ambas ocorrem no início das relações, geralmente de 6 meses a dois anos“, explica Fabiana. Já o amor pode ser compreendido como aquela fase em que paramos de produzir a dopamina em excesso e passamos a produzir ocitocina, responsável pelo vínculo amoroso com o parceiro ou a parceira.

Não sinto mais o desejo do início, mas ainda amo meu par. E agora?

É completamente normal sentir a diferença de desejo entre o início do relacionamento e o estado atual dele, mas essas são fases naturais do processo de amadurecimento de um sentimento que está sendo nutrido por alguém. A especialista explica que para retomar a atração é muito importante se concentrar no momento atual.

“Querer experimentar as mesmas sensações e desejos de antes pode causar frustrações. É necessário olhar para a pessoa que está hoje com você sem os conceitos pré-definidos sobre ela. Tentar se aproximar de uma nova maneira, ter momentos diferentes, explorar novos eixos do(a) parceiro(a) para descobrir como é essa pessoa no momento atual pode trazer descobertas interessantes, porque quando achamos que já conhecemos aquele alguém e que ele não tem nada de novo para oferecer, perdemos o interesse”, defende Fabiana.

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O deslumbramento causado no início da relação por excesso de dopamina e o frio na barriga são agradáveis e causam bem-estar. O ser humano busca ter esse prazer, seja nos eletrônicos, mídias sociais, em atividades ou coisas, mas não significa necessariamente que essas relações sejam boas.

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Com o tempo, a dopamina abre espaço para a produção de ocitocina. (Yan Krukau/Pexels)

A psicóloga defende que buscar um equilíbrio na necessidade de grandes prazeres pode ser uma boa alternativa para podermos viver relacionamentos duradouros. “Desejar ter uma experiência que faz parte do início de uma relação vai te afastar do que você tem hoje. O amor é um vínculo profundo, conexão afetiva que também causa uma sensação de bem-estar”, explica.

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Hoje em dia, as pessoas estão buscando intensidade em tudo o que fazem, e muitas vezes preferem as incertezas do que a estabilidade, fator que vem prejudicando muito os relacionamentos. Essa busca incessante por prazeres é muito parecida com os sintomas do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), então é muito importante se policiar sobre essa busca por algo intenso. A redução de desejo não marca o fim da relação, ao contrário do que muita gente acredita.

Um relacionamento sem paixão é um relacionamento fracassado?

Não necessariamente. É muito comum que, ao sermos novos e imaturos, vivamos experiências modificadas do que é o amor e paixão. O feeling de encontrar o “primeiro amor” é sempre combinado com euforia e ardor, e ao amadurecer e conhecer pessoas novas, esses sentimentos são ressignificados. E isso não significa que não seja bom ou até melhor do que o já vivido, apenas diferente.

O que faz combinar desejo e amor? Como não cair na monotonia sentimental?

Deixando de lado o sentimento de entusiasmo do início, a vontade de se sentir desejada é normal para todos os gêneros, mesmo em um longo relacionamento. Promover momentos que sejam exclusivos para o casal é essencial, bem como tentar viver novas sensações e formas de sentir prazer.

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Saes explica que o dia a dia e as obrigações da rotina tendem a afastar as pessoas e colocá-las no automático, e que a presença é importante para ter esta retomada e garantir amor com desejo. “O automático é se acostumar com as coisas como são sem cuidar. Cuidar é nutrir essa relação, e para isso é necessária uma troca, seja em forma de diálogo ou em ouvir o parceiro. Essa intenção muitas vezes é perdida, mas deve ser revivida todos os dias. Expressar sua presença vai reacender a chama do seu relacionamento.”

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