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Como saber se seu casamento está caminhando para o divórcio

Terapeutas de casais dão dicas de como melhorar a vida a dois

Por Estúdio ABC
Atualizado em 21 jan 2020, 03h29 - Publicado em 20 out 2016, 11h37
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  • Anos de relacionamento, amigos recém-divorciados e uma dúvida na cabeça: continuar ou não o próprio casamento? No dia 9 de outubro, a atriz Sarah Jessica Parker retornou às telas da HBO para interpretar Frances, uma mulher às voltas de sua separação na inédita série Divorce. Em muitos aspectos, a comédia mostra situações que mesclam esperança e frustração, tristeza e humor – emoções às vezes opostas, como na vida. E, ainda que use o fim no seu título, a trama fala muito do que acontece antes dele: o casamento e seus desafios. Os dramas de Frances e Robert (Thomas Haden Church) espelham o que os melhores terapeutas de casais recebem em seus consultórios diariamente. Três deles comentam alguns sintomas de crise conjugal e garantem: com algumas mudanças, dá para ser mais feliz a dois.

    1. “Sempre”, “nunca”, “só”. Se as frases “Você sempre me critica”, “Você nunca me apoia” e “Você pensa nos seus interesses” soam familiares, é porque quase todos os casais as usam em brigas. Mas não deveriam, pois o poder destrutivo delas é grande. Ao ouvi-las, o acusado lembra das vezes em que, sim, apoiou o parceiro ou lhe fez um elogio. Para evitar o sentimento de injustiça, descrever um comportamento pontual, e não a pessoa em si, é um grande avanço. “Em vez de generalizar, você pode dizer algo específico, como: ‘No almoço, quando você me criticou na frente dos nossos amigos, me senti exposto’”, sugere Luiz Alberto Hanns, autor do livro A Equação do Casamento (Ed. Paralela).

    2. Personalidades polarizadas. Não é só na política que os perfis tomam contornos extremos. No casamento, também, é comum que um seja “o organizado”, que planeja todas as viagens, e o outro “o divertido”, encarregado de animar as festas e manter o círculo de amigos por perto, por exemplo. Apesar de complementares para alguns casais, papéis opostos podem se tornar cansativos. “Se pesou, o melhor é dividir. Algo como: ‘Eu comprei as passagens, agora você vê o hotel, OK?’”, indica a psicóloga Cristiana Pereira, coordenadora do Instituto de Terapia Familiar de São Paulo.

    HBO/Divulgação HBO/Divulgação

    3. Filhos no comando. “Seja num casal hétero ou homossexual, ficar só na função paterna não é bom para ninguém, nem para as crianças”, diz Cristiana. “Os filhos são uma etapa do casamento, depois crescem e vão viver a vida. Por isso, não devem se tornar os reis da casa. Colocar limites do tipo: ‘agora não posso, estou com seu pai’, é legal.” O gesto demonstra um laço sólido e cumplicidade. “Se, ao chegar em casa, a pessoa beija primeiro o companheiro e, em seguida, os filhos, isso é muito positivo.”

    4. Expectativas nas estrelas. Há uma verdade que o casamento não muda: chegamos sozinhos à vida e iremos sozinhos embora dela. Criar laços ao longo do caminho é importantíssimo, mas não preenche todos os vazios. “Hoje em dia, o mundo vive com uma ideia de felicidade total, de que não se pode sentir falta de nada. Assim fica difícil segurar as decepções”, afirma a psicóloga e terapeuta Tai Castilho, fundadora do Instituto de Terapia Familiar de São Paulo. “As pessoas se entregam como uma almofada vazia para que o outro a preencha. Criam expectativas irreais e, por isso, estão se frustrando.”

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    5. Divórcio emocional. O casamento precisa ser um valor. Parece óbvio, mas não é tão simples, diz Cristiana. “Quando a relação vai mal, você precisa estar mal porque ela vai mal, entende?” Isso significa não ignorar o problema nem deixar que uma semana inteira passe antes de resolver uma briga. “Jogar a toalha é um sinal forte de alerta”, afirma a psicóloga, que aponta a postura defensiva como um fator de isolamento e distância. “Quando a gente se fecha e diz ‘é ela que não quer melhorar’, vira um ser reativo, que não fala mais o que quer ou sente. Comunicar as próprias vontades é essencial para qualquer relação.”

    6. Falta de conexão. O terapeuta Luiz Hanns tem um bom exemplo do que a verdadeira conexão representa. Imagine que uma mulher chegue em casa e conte ao marido que foi promovida no trabalho. “Na cena 1, o marido dá parabéns e continua a fazer o que estava fazendo, como, por exemplo, ler o jornal. Talvez até pergunte a que horas irão jantar. Na cena 2, ele larga o jornal, diz ‘que maravilha, quero saber todos os detalhes’ e propõe abrir um vinho para celebrar. Essa é a diferença entre se conectar ou não”, diz Hanns. Para o especialista, a conexão emocional vai além da empatia e das boas maneiras. Ela significa ter interesse. É tão importante que, nutrida, pode resgatar uma união desgastada. “Se tudo estiver errado, isto pode salvar.”

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    7. Sarcasmo, ironia e má vontade. O comportamento cínico atenta contra a “etiqueta de convívio”, um dos pilares do casamento, segundo Hanns. “Fazer algo pelo outro de má vontade é uma casca de banana. Quando o marido vai ao cinema ver o filme que a mulher escolheu, dizer ‘vou pagar esse mico’ é estragar tudo. Tem que ser agradável e, ao menos, elogiar a trilha sonora”, afirma o terapeuta. Para Tai, conseguir falar de forma menos agressiva seria “um aprendizado muito atual” para os casais. “Falta delicadeza nas relações. O amor é frágil, ele não vence tudo. Você precisa cuidar de como fala e, até, ter um certo pudor.” Mas por que é tão difícil manter o tom? “Porque não conseguimos olhar para o outro como ele é. A realidade é diferente do que imaginamos e queríamos, e isso é duro de lidar.”

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    8. Sexo, que sexo? Para casais e terapeutas, é difícil dizer o que vem antes, a crise no casamento ou a escassez das transas. Uma vez instalado o problema, as mulheres costumam relatar os seguintes dramas: fora da cama, há poucos estímulos eróticos; dentro dela, o marido não sabe tocá-la para que sinta prazer. Já no caso dos homens, segundo Hanns, as fantasias não realizadas são um entrave. “O homem não entende a importância que o cenário estético tem para a mulher e ela não compreende como um fetiche é essencial para o marido.” Desse descompasso nascem muitos casos extraconjugais. Para diminuir a distância, afirma Tai, é preciso voltar a namorar. “Ter disponibilidade, se desplugar da família, sair para dançar, viajar no fim de semana. Isso ajuda a resgatar o que fez aquelas duas pessoas se desejarem. A seco, nada dá certo”, diz.

    9. GPS amoroso. Quando você tenta controlar tudo, se descontrola. É simples assim, garante a terapeuta Tai, que recebe em seu consultório casais que usam os celulares como moeda de troca e, não à toa, estão em crise. “Muitos fazem um pacto de acesso total ao aparelho. O celular virou um ícone de controle”, relata. Mas a desarmonia a dois tende a piorar com o monitoramento. “Quando você para de olhar para você mesmo e passa a olhar exclusivamente para a vida do outro, o que está fazendo, onde está, o que está dizendo na internet, você se perde. Muitas vezes, isso leva até à violência”, alerta.

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    Divorce

    Na série, Frances e Robert são um casal com dois filhos e 17 anos de história. Entre tentativas de reconciliação, advogados e traições, vivem um fim repleto de idas e vindas. De cara, os episódios semanais de 30 minutos não prometem um final feliz, mas um mergulho na complexa teia da intimidade.

    Divorce estreou no dia 9 de outubro na HBO. Os episódios estarão disponíveis simultaneamente também na HBO GO e o primeiro episódio já está disponível sem custo na plataforma.

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