No final de 2019, fiquei amiga da Bárbara*, colega de um amigo do meu irmão. Nos aproximamos bastante, até uns beijos rolaram. Mas foi durante a pandemia que ficamos inseparáveis, dessas amizades de contarmos tudo uma para a outra. E, assim como qualquer um, eu estava isolada em casa e aproveitei para usar o Tinder e conhecer pessoas legais.
Acabei dando match com um cara que parecia gente boa, chegamos a transar algumas vezes na casa dele, mas aconteceu o famoso ghosting. Aquele clássico: parou de reagir aos meus stories, não puxava mais assunto.
Enfim. Me abri com a minha amiga e, sabendo quem ele era, ela certo dia me avisou que cruzou com o perfil dele no mesmo app. Planejamos uma revanche apenas de sacanagem, e ela deu match. A única coisa que não tinha previsto era o boy começar a flertar sério e investir na paquera, e a Bárbara adorar tudo isso, sem cortar o papo. Fiquei puta.
Desabafei que não tinha curtido o que rolou, ela pediu desculpas e parou de falar com ele. É de se imaginar que a amizade enfraqueceu. Mesmo perdoando-a, fiquei receosa. Passaram-se alguns meses, ela me procurou dizendo que ia compensar pelo que fez. ‘Tenho um amigo supermaneiro para te apresentar’, me escreveu.
Marcamos de ir para a casa do Gabriel* e, segundo ela, ficaríamos nós três de papo até eu me aproximar mais dele. Quando o clima esquentasse, ela pularia fora. Eu pensei: ‘Perfeito! Transa garantida, tudo ótimo’. Fomos, ficamos os três conversando na varanda e tomando uma cerveja. O menino era meio esquisito, mas pelo menos tinha um jeito divertido.
O tempo foi passando, a live que estava na TV acabou, a noite caiu, todo mundo bêbado e nada da menina ir embora. Sentados num sofá pequeno, meio espremidos, percebi que ela começou a dar em cima dele. De repente, cabeça no ombro, mãos dadas… E aquele clima de morte horrível começou a tomar conta de mim. Não consegui disfarçar a raiva.
Sentados num sofá pequeno, percebi que ela começou a dar em cima dele. De repente, cabeça no ombro, mãos dadas… E aquele clima de morte horrível dentro de mim.
Decidi tacar o foda-se e ir embora. Deixei claro que não queria um ménage, porque a minha experiência anterior tinha sido ruim, meu ex ficou focado na outra menina e, eu, deixada de lado.
Penso que até poderia rolar com dois homens, mas com duas mulheres, não queria naquele momento.
Fui pegar minhas coisas no quarto do Gabriel quando, do nada, a Bárbara aparece atrás de mim, me joga na cama e vem para cima. Nos beijamos, ficamos ali por um tempo até eu ter a brilhante ideia de ‘já que estou com ela, porque não trazer o cara também’.
Chamamos ele para o quarto, tira uma roupa aqui, outra dali, tudo certo – só que não. O clima ficou estranho de novo. O Gabriel já tinha ficado com essa amiga, então estava mais interessado em mim. Ela percebeu e passou a monopolizar o rapaz. Ou seja: ele correndo atrás de mim, ela, dele, e eu, sem saber o que fazer.
O negócio escalonou de um jeito que eu apenas não conseguia transar com ele. Ela simplesmente não saía de cima do cara. Quando eu tinha uma brecha para tentar algo, ela me empurrava. Parecia até um ciúmes da situação. A cena era eu, pelada, bêbada, olhando para o teto, e os dois transando ao meu lado.
Estava exausta! Quando ele finalmente percebeu a situação e veio ficar comigo, acabou broxando. Foi humilhação atrás de humilhação. Nisso, eu decidi sair de fininho. Peguei minhas coisas e fui embora. Eles mal perceberam. Se eu continuei sendo amiga da Bárbara depois? Jamais! Mas é aquilo né… Às vezes insistimos em algumas pessoas até ver para crer.”