Você certamente já ouviu muitos mitos sobre sexo anal. Muitas pessoas acreditam, por exemplo, que a prática pode provocar o alargamento do ânus. Outros pensam que realizar a chuca (higienização da área) é uma medida obrigatória. Alguns questionam até mesmo a possibilidade de chegar ao orgasmo através desse estímulo. Será que existe alguma verdade nessas afirmações?
A seguir, as especialistas Claudia Petry, pedagoga com especialização em Sexologia Clínica, e Luana Lumertz, sexóloga, revelam quais são os maiores mitos acerca do sexo anal. Confira:
1. Sexo anal alarga o ânus
Segundo Claudia, o ânus, assim como a vagina, são órgãos elásticos. Sendo assim, eles se dilatam apenas no momento da relação sexual, voltando ao tamanho e formato original posteriormente.
2. Sexo anal causa hemorroidas
Claudia Petry explica que as hemorroidas são veias inchadas e inflamadas localizadas na região do ânus ou do reto. “Elas podem ser internas, quando estão localizadas dentro do ânus, ou externas, quando estão fora do ânus”, diz.
Mas e aí, o sexo anal provoca ou não hemorroidas? De acordo com Luana Lumertz, a resposta é negativa. “Existem outras causas mais comuns, e por isso é muito importante consultar um proctologista. A condição em si não pode estar única e exclusivamente associada ao sexo anal”, pontua.
O único ponto de atenção, segundo Luana, diz respeito às pessoas que já possuem hemorroidas ou têm predisposição. “Nestes casos, é imprescindível ter a liberação do proctologista para saber se é possível realizar a prática ou não.”
“A prática inadequada ou vigorosa, a falta de lubrificação e a ausência de relaxamento do ânus podem aumentar o risco de desenvolver hemorroidas. Além disso, a fricção excessiva ou o uso de objetos pontiagudos pode contribuir para a irritação e lesões nos tecidos retais”, ressalta Claudia.
3. Sexo anal prejudica o intestino
De acordo com Claudia, o sexo anal em si não prejudica o funcionamento normal do intestino. No entanto, algumas práticas inadequadas ou excessivas podem causar desconforto ou lesões que podem afetar temporariamente o seu funcionamento.
“O ânus e o reto são áreas sensíveis e delicadas do corpo, e o sexo anal requer cuidados especiais para ser praticado de forma segura e prazerosa. Se a penetração for forçada ou muito intensa, pode ocorrer irritação, lesões ou até mesmo a ruptura da parede do reto. Isso pode resultar em dor, sangramento, infecções ou problemas intestinais temporários”, afirma a especialista.
4. Sexo anal sempre dói
Luana Lumertz afirma que é possível sim realizar o sexo anal sem sentir dor. Para isso, basta trabalhar a questão da excitação e do relaxamento.
“O melhor caminho é utilizar bons lubrificantes, já que o ânus não tem lubrificação própria. Também podemos desenvolver o relaxamento utilizando os dedos ou até mesmo um plug anal para ir acostumando e dilatando a região aos poucos”, explica.
Em alguns casos, o uso de um dessensibilizante pode ajudar por proporcionar uma leve redução do desconforto. Contudo, é extremamente essencial aprender a relaxar e lubrificar o ânus da forma correta para conseguir praticar de forma segura.
“Ficamos tão tensos que podemos acabar gerando uma microfissura ou tensão muscular, que traz justamente essa sensação desconfortável”, afirma Luana.
5. Alternar entre a penetração anal e vaginal
Mesmo que você esteja usando preservativo, é necessário trocá-lo caso vá alternar entre a penetração anal e vaginal. Se não puder trocar, jamais alterne entre as duas regiões durante a mesma relação sexual.
“Alternar entre o sexo anal e vaginal pode apresentar riscos, como o aumento da chance de infecções e lesões”, diz Claudia.
Petry esclarece que a introdução de bactérias do ânus na vagina durante o sexo anal pode acarretar infecções do trato urinário e infecções por fungos.
6. Fazer a chuca é obrigatório
Tal pensamento está completamente equivocado. Segundo Claudia Petry, a prática de fazer a chuca antes do sexo anal é uma escolha pessoal e cada pessoa pode ter suas preferências.
A pedagoga com especialização em sexologia clínica afirma que, embora possa ajudar a reduzir a presença de fezes no canal anal, a ducha não é uma forma eficaz de eliminar todas as bactérias ou evitar completamente o risco de infecções.
Além disso, a ducha anal pode ter seus próprios riscos. “O uso excessivo ou incorreto da ducha, como a utilização de água com temperatura muito alta ou a inserção de objetos não adequados, pode causar danos à mucosa anal e aumentar o risco de infecções”, alerta.
Todavia, a especialista sabe que, para muitos, a chuca é uma possibilidade de estar mais relaxada para a prática. Nestes casos, faça, mas não se esqueça de usar os recursos corretos: “Dê preferência para duchas higiênicas descartáveis”, recomenda.
7. Não é possível ter orgasmo com sexo anal
É extremamente possível chegar ao orgasmo apenas com o sexo anal. De acordo com Luana Lumertz, se estivermos falando de uma pessoa com próstata, há a parte da estimulação da glândula que é muito potente e pode levar facilmente ao “orgasmo prostático” (orgasmo pela próstata).
Já em pessoas com clitóris, muitas vezes, as terminações nervosas do órgão vão mais em direção ao ânus. “Então sim, é muito prazeroso tanto pelo estímulo psicológico de ser algo diferente e inovador, quanto pelo estímulo interno no clitóris”, afirma.
8. É normal sangrar?
Apesar de ser comum, não é normal ter sangramentos durante o sexo anal. Para Claudia, o sangramento durante essa prática geralmente indica algum tipo de lesão ou trauma na região anal.
“Uma das causas mais comuns é a falta de lubrificação adequada. Isso causa atrito excessivo e lesões na região. Além disso, movimentos bruscos, penetração muito intensa ou uso de objetos inadequados também podem levar a lesões e sangramentos”, diz.
Outra causa possível, segundo Claudia Petry, é a presença de hemorroidas. “Além disso, pequenas rachaduras na pele da região anal, conhecidas como fissuras anais, podem ocorrer devido ao trauma ou esforço excessivo durante a atividade sexual”, conclui.