Os brinquedos sexuais não habitam mais as profundezas das gavetas. Pelo contrário, podem e devem ser deixados à mostra. Numa casa charmosa da Zona Oeste da cidade de São Paulo, toda a sorte de objetos eróticos fica ao alcance das mãos, incluindo dildos e massageadores mecânicos. Modelos feitos de madeira, cerâmica, vidro e até pedras brasileiras são expostos sobre bandejas como obras de arte. “É essencial tirar o estigma do objeto, porque a vergonha acaba com o prazer”, afirma Laura Magri, dona e curadora da sex shop Nuasis.
O conforto visual é um atrativo a mais. Os modelos que imitam o pênis natural (aqueles feios, de borracha) perderam espaço. “Indico que a mulher escolha um que não seja agressivo ao olhar, que a atraia de mais maneiras”, diz a fisioterapeuta pélvica Lidris Wuo, de São Paulo. O uso do objeto, entretanto, é um dos últimos passos no processo de descoberta do próprio prazer. A penetração só entra na dança depois de muito trabalho de toques e massagens. E o primeiro estímulo nem sequer precisa das mãos.
“Tudo começa com a provocação mental. O ato de se masturbar é importante não só pela manipulação das zonas erógenas mas também pela criação de fantasias sexuais. Esse processo de erotização é fundamental para sentir prazer sozinha ou acompanhada”, explica a ginecologista Carolina Ambrogini, coordenadora do Projeto Afrodite da Universidade Federal de São Paulo. Para trabalhar essa habilidade, estímulos diversos ajudam. “Só o fato de saber que vai chegar em casa e ter uma experiência diferente já é excitante”, afirma a médica. Se o pensamento a anima, imagine a expectativa de provar um instrumento de formato inédito.
Coloque na conta da geração millennial a troca dos vibradores automáticos pelo objeto inanimado. Há até vantagens, já que as manobras a pilha podem condicionar o prazer a patamares que o contato humano não consegue atingir. Voltemos então aos dildos. “Só é preciso ter cuidado com superfícies porosas ou com entranhas, que facilitam a proliferação de fungos e bactérias. Fora isso, o material e a forma podem seguir o que interessar à mulher. Lembre-se de higienizá-los com água e sabonete após o uso”, indica Carolina. Pela dica do dildo próprio, de nada. O prazer é todo seu.
O QUE SERÁ QUE SERÁ?

O Dildo Vidro Bolas (1) tem esferas que vão de 1,5 a 3 centímetros de diâmetro. O efeito sensorial é diferente do Âmbar (2), de acabamento liso e efeito perolado. Na seara dos inusitados, o Octopussy (3) tem uma espiral na ponta e pequenas esferas em relevo (lembra um tentáculo de polvo) para estimular os pontos erógenos.
Dildos, Nuasis • Peso de papel, bowl âmbar e vasos coloridos, Jaqueline Terpins, na Dpot Objeto; jarras, bowl roxo e bowl alto, Amoreira.
É PAU, É PEDRA

De madeira polida, o Dildo Jacarandá (1) possui curvaturas variadas e é feito à mão. O Dildo de Mármore Cinza (2), de pedra maciça, tem 13 centímetros de diâmetro. Feito de porcelana, o Dildo Spur Marlene (3) apresenta diferentes espessuras, enquanto o Dildo Ônix (4) tem formato de bastão.
Dildos, Nuasis • Vasos, Alva Design, na Dpot Objeto; travessa de madeira, Amoreira.
FICHA TÉCNICA
Produção de objetos: Isabella Marinelli e Olívia Canato • Concepção visual: Ícaro Guerra e Lorena Baroni Bósio.