“Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno Carnaval”, canta Toquinho na faixa Escravo da Alegria lançada em 1980. E é em nome do amor que almas gêmeas se encontram e se deleitam em fantasias nesta folia chamada Carnaval, que enlaça não só corpos que almejam a felicidade de amar, mas também de compartilhar a alegria de estar um com o outro em outras folias da vida.
E foi durante os embalos dos tradicionais blocos de rua carioca, em 2010, que Ana Barretto, de 35 anos, cruzou pela primeira vez com Mikael Santiago. Naquele dia, a interação entre os dois foi mínima, já que Mikael estava interessado na amiga de Ana.
“Nunca tínhamos nos visto na vida. Ele estava com uma amigo e eu com algumas amigas. O amigo dele chegou para conversar comigo e o Mikael tentou contato com uma amiga minha. Porém, eu não fiquei com o amigo dele, já ele… (risos) conseguiu a paquera do dia. Seguimos o bloco e trocamos contato. Depois desse encontro, nunca mais nos vimos”, conta a empresária que, na época do primeiro encontro, tinha apenas 21 anos.
Nem ao menos um beijo alheio foi capaz de separar este encontro e, por ironia do destino (ou desejo mesmo de que os dois permanecessem juntos), eles se reencontraram 8 anos depois, no mesmo clima de Carnaval, cobertos por brilhos, serpentinas e muita paixão.
“Ao final de 2017 nós começamos a trocar algumas mensagens pelo Instagram e, quando vimos, já estávamos no final de janeiro, quando começam os tradicionais blocos de pré-Carnaval. No dia 4 de fevereiro de 2018, ele me perguntou sobre qual bloco eu iria frequentar e finalmente conseguimos marcar nosso encontro em um deles. O primeiro beijo aconteceu ali mesmo, na folia de Ipanema”, relembra Ana.
E o que o Carnaval une, imprevisto ou distância alguma consegue separar. Ana e Mikael estavam apaixonados, e o amor de Carnaval deu espaço para um relacionamento que logo encontrou a oportunidade de expandir os horizontes.
“Nos víamos sempre, e quando me dei conta já estávamos passando dias e dias grudados na casa dele, que hoje é também a nossa casa. Após 1 mês juntos, ele me contou sobre uma viagem à trabalho na Europa que já estava confirmada. Mikael me convidou pra ir junto, mas não consegui acompanhá-lo. Em questão de 3 meses estávamos juntos novamente, dessa vez em outro continente”, declara Ana ao contar sobre a decisão de largar tudo para seguir ao lado do amado na jornada.
Com uma história digna de seriado, Mikael que é formado em cinema , sabia que todas estas experiências mereciam registros. Por isso, o casal decidiu documentar todos os passos, do Brasil à Europa, e compartilhar com amigos e colegas na internet.
“Inicialmente, a gente abria a câmera do celular como todo mundo faz, de forma bastante despretensiosa para garantir as recordações juntos. Só depois, quando recebi a proposta de trabalho para fora do país, percebi que as mudanças que estavam prestes a acontecer em nossas vidas seriam interessantes demais para não serem registradas. Já dirigi séries e quadros para a televisão e pensei: por que não formatar nossas vivências em um tipo de websérie, filmando todos os acontecimentos com mais cuidado e pensando na cronologia e roteirização dos fatos?”, recorda Mikael, que com a amada criou o canal Casal Longe de Casa, atualmente com mais de 570 mil inscritos no Youtube.
Após 10 meses e vários destinos juntos, o casal retornou ao Brasil com uma grande surpresa: a espera do primeiro filho, o Ravi.
“Eu já havia dito à Ana que gostaria de formar uma família. Aquilo foi a coisa impulsiva mais séria que eu já disse pra alguém, mas foi sincero. Não me pergunte como eu tinha certeza de que ela seria a mãe do meu filho, em tão pouco tempo de relacionamento, porque nem eu sei explicar. A gravidez, naquele momento, não foi planejada, mas foi muito desejada – simplesmente a melhor coisa que já tinha acontecido em nossas vidas”, conta o papai.
Instalados em terras carnavalescas, a chegada de Ravi anunciava que a história de amor entre Ana e Mikael tinha apenas começado, e que esta jornada unida pela folia de Carnaval tinha direito a mais uma acompanhante, a pequena Sarah, que não impediu a família de comemorar a data onde tudo começou.
“A chegada da Sarah foi planejada. Sempre quisemos dar uma companhia para o Ravi, ter dois filhos e fechar finalmente a conta desta família (risos). Comemoramos o Carnaval sempre que conseguimos. Eu, por exemplo, adoro escolher as fantasias para as crianças e pra mim também. Pesquiso os bloquinhos que sei que eles vão gostar e conseguir aproveitar em segurança, afinal, curtir a folia com duas crianças aumenta a responsabilidade não é mesmo?”, conta Ana.
“Eu jamais imaginei encontrar o amor da minha vida no Carnaval, ou que nossa história fosse dar tão certo. Achei que eu só iria encontrar um carinha bem lindo, dar uns beijos e depois curtir a folia. Mas hoje, vendo toda nossa história e tantas coincidências, eu acredito mesmo que nossas vidas iam se cruzar em algum momento. E se hoje aproveitamos o Carnaval juntos? Como uma boa sagitariana, eu sou a mais animada neste quesito, topo tudo. Já o Mikael, se depender, troca os blocos por um outro programa de casal mais tranquilo (risos).”