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Um vampiro na Roosevelt: encontro inesperado no Papo Aberto

Madalena* queria só se divertir, mas virou protagonista de um filme de terror numa madrugada chuvosa em São Paulo

Por Em depoimento a Sarah Catherine Seles
30 set 2022, 08h23
Ilustração Vampiro
Um vampiro na Roosevelt (Ilustração/Getty Images)
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“Tudo começou na última sexta-feira de novembro de 2020, uma noite de Lua cheia. Eu e mais duas amigas decidimos sair para curtir na Rua Borba, em São Paulo. Seria mais um rolê comum: chegar às 23h, comprar bebida barata no posto de gasolina da esquina, ficar pela calçada batendo papo com estranhos até chegar na Praça Franklin Roosevelt, onde esperaríamos o horário do metrô abrir para irmos embora. Do jeito que eu sou, fui falando com quase todos que apareciam na minha frente, fazendo ‘amizade’. Mas a chuva forte fez um grupo de pessoas sensatas saírem fora, e quem ficou, se amontoou na cobertura de um lugar abandonado. Ali, seguimos a noite toda, com caixa de som, álcool, gente biruta e coisas esquisitas, mais esquisitas do que imaginava.

Nem estar toda ensopada me impediu de seguir trocando ideia. Conversa vai, conversa vem, comecei a falar com um homem extremamente lindo e um outro muito magro, branco e com tatuagens de símbolos bizarros, que estava do outro lado da roda. Sou uma pessoa que ama flertar, não tenho um tipo específico. Ou melhor, tem apenas um tipo específico que não pegaria jamais: exatamente o cara com quem me envolvi nesse dia. Ele tinha aproximadamente 23 anos, e os olhos eram vermelhos, na íris mesmo, e não parecia lente de contato. Fiquei vidrada. As minhas amigas me puxaram de canto: ‘Para de conversar com esse cara, temos certeza que ele é um vampiro’. Eu dei risada, claro, e seguimos papeando.

Quando me dei conta, já eram quase três horas da manhã, a chuva havia parado e eu estava andando com o suposto vampiro para algum outro lugar. Estávamos só nós dois, vagando pelo centro de São Paulo, completamente escuro.

Sim, eu simplesmente deixei minhas amigas e desapareci sem bateria no celular. Ou seja, fiquei incomunicável após sair com o cara que elas julgavam ser um vampiro pra lá de esquisito. Finalmente, paramos de andar e ele me levou para um motel, ali na República. O lugar? Bom, o mais vagabundo entre as opções por perto. A cama redonda era tão baixa que ficava quase no chão, a porta do quarto era sanfonada, de plástico e nem trancava. Além da energia caótica do ambiente, o quarto ainda estava imundo e não tinha nem box no chuveiro.

A gente transou. Ele ficava fazendo umas caras estranhas e me olhando fixamente. O sexo foi péssimo, mas, pelo menos, consegui dormir um pouco depois. Quando acordei, ele estava em cima de mim com os olhos cor de sangue estatelados falando: ‘Vamos embora, já vai amanhecer, vamos embora, vamos embora!’. Eu me arrumei correndo, por causa do tamanho do desespero dele — parecia que algo terrível estava prestes a acontecer. Saímos do motel e voltamos para encontrar o pessoal antes mesmo de amanhecer, mas quem disse que eles ainda estavam lá? E sem bateria, eu não conseguia encontrar ninguém. Então, do absoluto nada, ele se cobriu com uma espécie de capa, com aparência bem barata, dessas de loja de R$1,99, me deixou no metrô e foi embora.

O cara acreditava, de fato, ser um vampiro e, pelo jeito, age sempre como tal. Minhas amigas e eu ficamos confabulando sobre esse ‘estilo de vida’ e chegamos a conclusão de que ele pode fazer isso com várias pessoas. Percebo que foi uma situação muito incomum e bizarra. Levei bronca das minhas amigas por ter sumido do nada e ficou a lição: nunca mais sair com um cara sequer parecido com um vampiro. E menos ainda, sem bateria nenhuma no celular.”

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