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Exossomos: conheça a tecnologia que promete revolucionar dermatologia estética

Em meio a pesquisas intensas, os exossomos despontam como opção para questões de saúde — além do rejuvenescimento da pele e do cabelo

Por Fernanda Bassette
Atualizado em 27 ago 2025, 17h14 - Publicado em 14 ago 2025, 14h00
Exossomos: saiba o que são e os benefícios para a pele
Exossomos: saiba o que são e os benefícios para a pele (Reprodução/CLAUDIA)
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A busca por técnicas inovadoras na regeneração da pele é uma constante na dermatologia estética. Ano após ano, inúmeros tratamentos surgem e, mais recentemente, a área parece ter ganhado um novo aliado: o uso de exossomos.

São minúsculas vesículas que transportam moléculas e que estão ganhando destaque por seu papel inovador na comunicação celular. Elas têm demonstrado grande potencial em procedimentos estéticos e terapias cutâneas. Mas como exatamente eles estão transformando a dermatologia? 

Primeiro é preciso entender o que são exossomos. De acordo com a dermatologista Edileia Bagatin, membro da Comissão Científica da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), exossomos são nanovesículas (de tamanho entre 40-60 nm) presentes em todas as células do nosso organismo. Quando liberados no meio extracelular, eles penetram em outras células e transmitem informações.

“Em outras palavras, são parte do mecanismo de comunicação celular e da resposta imunológica”, explica Edileia, que também é professora associada do Departamento de Dermatologia da Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e membro da Câmara Técnica de Cosméticos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Eles também estão presentes em fluidos corporais como sangue, saliva, urina, entre outros. Os exossomos contêm carga biologicamente ativa, com substâncias como proteínas, lipídios, carboidratos, citocinas inflamatórias e não inflamatórias, fatores de crescimento, material genético (DNA, RNA), fatores de transcrição e metabólitos. Assim, funcionam como mensageiros biológicos transportando material genético entre as células.

“Se a célula estiver infectada por vírus, bactérias ou fungos, por exemplo, esses patógenos também podem ser transmitidos para outras células, possibilitando a disseminação de infecções no organismo”, detalha a especialista.

O uso na dermatologia

Na dermatologia estética, os exossomos têm sido associados aos tratamentos para eflúvio telógeno (um tipo de queda de cabelo temporária causada por um desequilíbrio no ciclo de crescimento capilar), alopecia fibrosante, alopecia androgenética, afinamento dos fios, melasma, rejuvenescimento facial, rosácea, acne ativa e cicatriz de acne. Outras indicações incluem o tratamento de doenças, tais como melanoma, psoríase, dermatite atópica, cicatrização de úlceras, enxertos e feridas em geral. 

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Segundo a dermatologista Denise Barcelos, a promessa do tratamento com exossomos é a de tornar as células degeneradas e disfuncionais novamente em células jovens e funcionais. “Assim, em teoria, o mesmo tratamento poderia ser aplicado tanto para o vitiligo como para o melasma, mesmo o primeiro sendo uma disfunção celular que causa despigmentação da pele e segundo uma disfunção que causa hiperpigmentação. Isso acontece porque os exossomos tratam a célula disfuncional e não a consequência dela”, afirma a dermatologista.

Seu potencial também tem sido explorado como tratamento promissor para melhorar a cicatrização. Segundo o dermatologista Sérgio Palma, membro da Câmara Técnica de Dermatologia do CFM (Conselho Federal de Medicina), a composição diversificada dos exossomos possibilita, teoricamente, a regulação de múltiplos processos celulares envolvidos na cicatrização, incluindo proliferação celular e remodelação da matriz extracelular. 

As expectativas são altas. “E justamente por apresentarem capacidade de modular a comunicação celular, os exossomos ganharam muita atenção na possibilidade de utilidade terapêutica no rejuvenescimento da pele nos últimos anos. Na cosmiatria, diversos estudos investigam os exossomos para fins estéticos e regeneração celular, porém a maioria das pesquisas permanece na fase pré-clínica”, pontua Palma, que também é coordenador da Câmara Técnica de Dermatologia do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe).

Exossomos: saiba o que são e os benefícios para a pele
Exossomos: saiba o que são e os benefícios para a pele (Reprodução/CLAUDIA)

Importante ressaltar que uma pesquisa pré-clínica é a fase inicial do estudo científico para avaliar a segurança e a eficácia de um novo tratamento, medicamento ou tecnologia antes de ser testado em seres humanos. O objetivo principal é entender como a substância ou procedimento funciona no organismo, identificar possíveis efeitos colaterais e determinar doses seguras para os primeiros testes clínicos em humanos

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Somente após resultados promissores nos estudos pré-clínicos, um tratamento pode avançar para os ensaios que envolvem voluntários humanos. “Apesar da grande quantidade de estudos desenvolvidos na última década, poucos investigadores publicaram os resultados pré-clínicos promissores”, reforçou Palma.

Como eles são obtidos?

Os exossomos podem ser obtidos a partir de células, tecidos ou fluidos corporais de quase todas as espécies de mamíferos. As principais fontes incluem células gordurosas, mesenquimais, medula óssea, cordão umbilical, placenta, plaquetas, cultura celular e bioengenharia. Idealmente, os exossomos seriam personalizados, ou seja, extraídos das células da própria pessoa (autólogo) para evitar reações imunológicas. No entanto, essa abordagem tem um custo elevado, por exigir muita tecnologia.

Os produtos disponíveis atualmente no mercado para dermatologia são geralmente alogênicos, ou seja, obtidos de doadores, o que aumenta os riscos de alguma reação adversa. Alguns são extraídos de plantas, mas sua eficácia (em comparação aos de origem animal) não é garantida.

Apesar de todas as indicações, ainda não se sabe o mecanismo exato de ação dos exossomos e se eles chegam de fato ao órgão desejado. No Brasil, a Anvisa apenas permite a aplicação de forma tópica — eles são classificados dentro do grupo de cosméticos grau 2, o que significa que os produtos devem ser de uso externo e apenas podem ser aplicados sobre a pele íntegra, não permitindo, portanto, o uso injetável ou como “drug delivery”. 

Outra ressalva é que os produtos disponíveis atualmente não são compostos puros e contêm muitos outros ingredientes além do exossomo, como retinol, por exemplo, reconhecidamente usado na dermatologia em tratamento para envelhecimento cutâneo. Assim, os especialistas ressaltam que não há como saber o real papel do exossomo naquela formulação. Também não existem informações sobre como foram obtidos, isolados, purificados e estudados, uma vez que ainda não há padronização ou regulação vigente sobre fonte ideal para cada indicação.

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 Estamos diante de uma revolução?

Apesar de todas as promessas na dermatologia estética, o uso dos exossomos ainda levanta debates. Para os especialistas, trata-se de uma perspectiva que pode ser revolucionária quando todos os desafios para obtenção de produtos eficazes e seguros forem resolvidos. As limitações são numerosas: alto custo, processo de isolamento complexo, falta de protocolos uniformes, avaliação limitada do potencial de contaminação, ausência de evidência clínica absoluta. 

A falta de regulamentação específica e a necessidade de mais estudos clínicos, para comprovar sua segurança a longo prazo, são dois pontos de atenção. Além disso, como são derivados de células-tronco, há preocupações sobre possíveis reações adversas, como respostas inflamatórias inesperadas ou até mesmo riscos de proliferação celular descontrolada. No Brasil, os exossomos disponíveis são de origem vegetal.

Mesmo assim, o mercado da estética já aposta alto nessa inovação, com clínicas e laboratórios investindo no desenvolvimento de produtos à base de exossomos. Se confirmados os benefícios esperados, essa tecnologia pode representar um grande avanço nos tratamentos dermatológicos, oferecendo soluções mais eficazes e menos invasivas para diversas condições da pele. “Existem muitas pesquisas relevantes a nível pré-clínico, mas a obtenção de um produto final pode levar décadas. Desenvolver produtos biológicos é um processo extremamente complexo e de altíssimo custo”, finaliza Edileia.

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