As mudanças hormonais impactam o metabolismo feminino durante toda a vida. Se a adolescência e os vários períodos da fase adulta pedem cuidados específicos, não seria diferente na menopausa. Entre os efeitos mais sensíveis da fase que vem após o climatério, estão as alterações no aspecto e na textura da pele.
Para entender tais sinais e como tratá-los, CLAUDIA conversou com o dermatologista Thales Bretas, do Rio de Janeiro. Tire suas dúvidas:
Quais são as possibilidades de mudanças em termos de textura, aparência etc? Ela tende à oleosidade, ao ressecamento, ou varia de acordo com cada organismo?
Thales Bretas: Na pós-menopausa, a pele tende ficar mais seca, fina e flácida, devido à diminuição do estrogênio (hormônio feminino) e degradação do colágeno, responsável pela elasticidade. Além disso, há uma perda óssea importante, não decorrente da menopausa, mas do envelhecimento em qualquer sexo, com pontos de reabsorção óssea no crânio e afundamento da face. Por último, temos ainda alterações das camadas de gordura do rosto.
Quais são os primeiros sinais de que a pele requer cuidados diferentes?
O estrogênio é o principal hormônio responsável pelas características femininas. Com a sua baixa, a pele fica mais ressecada e surgem pelos masculinizantes na região do buço, do queixo e da mandíbula. Além disso, um sintoma muito comum na mulher, após a menopausa, é a queda de cabelo, como ocorre na calvície masculina.
Existem cuidados prévios? Quando começar a tratar?
O ideal é cuidar da pele em todas as idades, além de acompanhar as mudanças de suas características junto a um profissional capacitado, que vai percebê-las e ajustar os tratamentos de acordo com a necessidade. A pele da mulher passa por uma fase oleosa e acneica na adolescência, depois tende a manchas e flacidez na idade adulta até o ressecamento e a perda de elasticidade no climatério e menopausa. É importante que a mulher esteja sempre atentas às mudanças. Entre os cuidados essenciais estão a hidratação intensiva, o uso filtro solar diariamente – preferencialmente com cor, pois este barra também a luz visível; o investimento em ativos como a vitamina C ou um agente despigmentante para tratar manchas.
Os cuidados com a pele pós-menopausa são exclusivamente feitos em casa? Quais tratamentos feitos em clínica podem ajudar?
Além dos cuidados em casa, a paciente pode recorrer a tratamentos a laser para manchas que surgem no rosto, tecnologias para flacidez e perda de elasticidade, peelings químicos e preenchimentos para repor as perdas do envelhecimento. É impossível tratar a textura da pele com um laser ablativo, como Erbium ou CO2, pois, em alguns casos, os cremes sozinhos não são capazes de penetrar e agir profundamente.
A toxina botulínica, o “botox“, é outra alternativa, pois melhora as rugas e suaviza as expressões marcadas. Para reposição da perda óssea, muito comum tanto na mulher quanto no homem, contamos com a tecnologia do preenchimento com ácido hialurônico ou bioestimuldores de colágeno em pontos estratégicos de sustentação da face.
A alimentação ou algum outro traço do estilo de vida interfere na pele pós-menopausa?
O estilo de vida interfere diretamente na pele. Uma alimentação saudável, rica em vitaminas e minerais, deixa a pele mais viçosa, brilhante, com mais vida. A hidratação, o exercício físico regular e o uso diário de filtro solar também são hábitos fundamentais. Já tabagismo, interfere negativamente na qualidade da pele, criando manchas e cravos. Além disso, no caso de pacientes que fumam, a resposta aos tratamentos é menos satisfatória.