Não é de hoje que o termo skin picking tem causado diversas polêmicas na internet. Considerado um dos assuntos mais comentados nas redes sociais nessas últimas semanas, o transtorno de skin picking ou transtorno de escoriações (TE) tem reunido diversos relatos e depoimentos nas redes após alguns sintomas do transtorno viralizarem entre os internautas.
E para investigar o que está por trás da viralização desse sintomas, conversamos com os especialistas, Bruno Pascale, médico psiquiatra da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, e com a psicóloga Larissa Fonseca, especialista em ansiedade, depressão e estresse para desvendar as principais dúvidas, sintomas e os tratamentos iniciais que envolvem o transtorno de skin picking. Confira:
O que é skin picking?
Segundo Dr. Bruno, o transtorno de skin picking nada mais é do que um quadro psíquico que acomete um paciente através de atos impulsivos sobre o seu corpo, de maneira não intencional e acarretada por outros quadros neuro divergentes como a depressão e a ansiedade.
“Esse quadro está muito ligado a pessoas que já sofrem com outros diagnosticados, porém em condições elevadas. Esse indivíduo tem a necessidade de procurar aliviar a sua dor e sofrimento através da impulsividade de se machcuar, promovendo lesões durante uma liberação massiva de dopamina em momentos de crises”, explica o psiquiatra.
Bruno ainda comenta que para além do rosto – local mais comentado entre os internautas após a viralização – existem outros locais do corpo, como a barriga, coxas e braços, que podem ser alvos da impulsividade causada pelo skin picking.
“Em geral, a escoriação começa, principalmente com a fricção dos dedos, seguido pela fricção da palma até o dorso da mão. Em casos mais graves, é possível visualizar aplicações no abdômen, coxas, nos braços e até no rosto, causando baixa autoestima, desordem emocional severa e infecções locais devido ao constante atrito”, comenta.
Já os sintomas mais leves, segundo Larissa Fonseca, médica psicóloga especialista em ansiedade e outros transtornos semelhantes ao skin picking, reitera que esses comportamentos podem sim ser associados à quadros menos severos de quem convive com a ansiedade e depressão no dia a dia.
“Algumas lesões, como por exemplo puxar a pele da cutícula das unhas, morder os lábios e/ou coçar de maneira excessiva podem ser hábitos ligados à escoriação, porém em situações menos destrutivas, mas que não deixam de ser um reflexo da saúde mental”, pontua.
“Esses machucados levam ao constrangimento, isolamento e preocupações com o julgamento dos outros, o que afeta diretamente na autoconfiança do paciente e de sua imagem”, explica Larissa.
Existe tratamento para o skin picking?
Apesar das consequências, ainda segundo os especialistas, estarem diretamente ligadas a outros diagnósticos envolvendo a saúde psíquica, o tratamento para o transtorno de skin picking deve ser acompanhado por um médico psiquiatra para averiguar a sua causa e o início dessa compulsão.
“Dependendo da gravidade dos machucados, é necessário a entrada de um tratamento que envolva medicamentos. É importante também analisarmos o que está acontecendo com esse paciente, se ele possui histórico de traumas relacionados a sua autoestima e quais as repercussões psíquicas que ele está tendo por conta dessa condição. É complexo porém exige muita análise de um profissional adequado”, pontua o médico psiquiatra.
Para além de um acompanhamento psiquiátrico, Larissa também reforça a importância do acompanhamento psicológico como tratamento para o transtorno skin picking, que poderá auxiliar na diminuição dos machucados e também no reconhecimento do que é impulso e controle.
“Será durante sessões de terapia que a pessoa irá desenvolver, ao lado de um profissional, claro, um plano para lidar com as situações de sofrimento intenso, identificando quais são os gatilhos específicos e assim, desenvolver estratégias de enfrentamento eficazes contra as automutilações involuntárias”, revela.
“Esse paciente vai aprender a reconhecer, aos poucos, e a aceitar os pensamentos e as emoções desconfortáveis sem recorrer ao comportamento de escoriação, ao passo que se concentra em comportamentos que são importantes e significativos para ele, como socializar, desenvolver uma carreira e se sentir mais próximo de sua autoestima”, finaliza a psicóloga.
Nem todo machucado é skin picking
Apesar da prática de “cutucar” a pele do corpo e rosto serem frequentes em nossas rotinas, Bruno faz um alerta: “Ter o transtorno de skin picking é diferente de você cutucar a pele para tirar uma espinha ou cravo. Esse alerta deve ser feito caso o ato de se machucar for de forma incessante e involuntária”, esclarece o psiquiatra.
Portanto, se você perceber qualquer sinal de machucados frequentes em diversas partes do corpo como boca, dedos, coxas ou barriga, verifique a frequência e a causa desses machucados. A procura de um médico especialista deve ser feita de forma imediata, afim de investigar os motivos por trás desses ferimentos.
“Nossa mente é uma máquina de emoções. A construção de uma rotina saudável e equilibrada pode contribuir significativamente para a redução dos comportamentos de skin picking e da ansiedade de várias maneiras. Os sinais são indispensáveis, não os ignore!”, finaliza.
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