O painel que encerrou o Fórum CLAUDIA #EuTenhoDireito discutiu ações concretas das empresas em relação à diversidade. No entanto, esses programas se cruzam com experiências pessoais das CEOs.
Ana Paula Assis, primeira mulher a liderar a operação da IBM na América Latina, onde começou como estagiária em 1996, contou ter acompanhado a dor de uma pessoa próxima em sua chamada “saída do armário”. “Isso me tornou mais sensível a quem não está no grupo considerado ‘normal'”. Na empresa, há um programa de mentoria reversa, que estimula profissionais a entender as dificuldades enfrentadas por mulheres, afrodescendentes, homossexuais e pessoas com deficiência. “É quando, de uma forma muito honesta e corajosa, contam suas histórias para os executivos. São encontros emocionantes.”
“É importante ter um canal de escuta. A organização tem que fazer o diagnóstico, ouvir”, disse Ligia Sica, da FGV-SP, que fez a mediação do painel.
Promovida a CEO da PayPal no mês em que voltou da licença-maternidade, Paula Paschoal passou a prestar mais atenção a coisas como o local de trabalho não ter uma sala para que a mulher tirasse leite _que ela implantou. Para os funcionários transgêneros, há banheiro que não é nem de mulher nem de homem. “Eu preciso que as pessoas se sintam confortáveis. E não é porque é moda, mas porque, quando vou discutir um projeto ou novo produto, com uma equipe diversa, com idade, formação, classe social diferentes, há uma ganho de opiniões, o que no fim aumenta a rentabilidade.”
Com Sandrine Ferdane (BNP Paribas), foi o cutucão de uma amiga que a despertou. “Você não pode ser mulher e CEO sem fazer nada para contribuir com o debate. Você quer ser uma abelha-rainha, com os homens ao redor?”, questionou a colega. Em um programa que ela pretende amplificar, as mulheres da empresa tiveram direito a um coaching com homem. “Foi um duplo benefício, porque os homens também perceberam muita coisa.”
No painel “Diversidade de Verdade: quando novos modelos de gestão vencem o preconceito“, elas também falaram da solidão que muitas vezes acomete quem está na posição de CEO. “Quando virei CEO comecei a ver como é difícil, pela solidão, pela falta de outras. Temos que aumentar a representatividade, não por métrica, para dizer que tem, mas porque só vamos entender o feminino assim”, afirmou Ana Paula.
“Uma CEO não foi sempre CEO. Cada uma teve que fazer o seu caminho. Às vezes é aí a sua jornada, às vezes é contribuindo de outra forma. Toda CEO já foi uma menina e fez sua trajetória”, encerrou Sandrine.