Sou a amazona mais jovem da
história da Olimpíada
Foto: Cida Souza
Monto a cavalo desde que me entendo por gente. Ainda pequena, já trotava na mesma sela que a minha mãe, amarrada por um lençol. Lembro-me de que às vezes pegava no sono durante um passeio e quando acordava ainda estava em cima do animal! Nunca tive medo de cair, mesmo porque quando isso acontecia meus pais me faziam montar de novo.
Comecei a praticar salto na fazenda da minha família em Itu, a Couldelaria Rocas do Vouga. Como eu precisava melhorar minha postura, passei a fazer aulas de adestramento aos 12 anos.
No início era temporário, mas acabei gostando do esporte de desenhar uma série de figuras com o cavalo. Além disso, como o adestramento tem menos praticantes, foi mais fácil para eu conseguir bons resultados nas competições.
Me profissionalizei no hipismo há dois anos. Nessa época meu pai e outros criadores da raça puro-sangue lusitano juntaram forças para o Brasil fazer bonito nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Eles contrataram um técnico belga que vinha a cada dois meses ao Brasil dar uma semana de aula à nossa equipe.
Apesar dos esforços, fui cortada da equipe do Pan duas semanas antes da competição. Nem reserva eu era. Só tive a oportunidade de competir no evento porque um cavaleiro veterano sofreu uma intoxicação alimentar. Imagina, eu soube que ia substituí-lo na véspera da prova! Pra aumentar meu nervosismo, fui a última competidora a entrar na pista, e com a responsabilidade de garantir a vaga do Brasil nas Olimpíadas. O público foi tão solidário comigo que torceu em silêncio para não assustar o meu cavalo. Nós conseguimos não só a classificação para Pequim, mas também a medalha de bronze no Pan.