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Ana Claudia Paixão

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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
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Alessandra Maestrini e Mirna Rubim discutem ‘O Som e a Sílaba’

A série brasileira, disponível no Disney+, mistura ópera, autismo, drama e comédia, retratando a transformação de dois personagens por meio da música

Por Ana Claudia Paixão
30 ago 2024, 17h00

Não seria uma associação imediata pensar em uma série brasileira que mescle ópera, autismo, drama e comédia, mas é justamente o que a série O Som e a Sílaba faz. A produção nacional, que estreou no final de agosto na Disney+, é a adaptação da peça de sucesso de mesmo nome, assinada por Miguel Falabella, que rodou o país por cinco anos antes de ser levada para o streaming.

Escrita especialmente para Alessandra Maestrini e Mirna Rubim, que repetem seus papéis do palco, a história de conexão e música tem um grande efeito em quem acompanha a história de Sarah Leighton (Maestrini) e sua professora, Leonor Delise (Rubim).

Dividida em oito episódios, O Som e a Sílaba  conta a trajetória de uma mulher que, ainda nova, se descobriu uma criança autista com grande talento musical. Na verdade, Sarah é uma ‘savant’, alguém no espectro autista que tem altas habilidades, seja para a música, matemática ou outras áreas. No caso dela, a ópera.

Encorajada pelo irmão, ela sonha em se profissionalizar. Para isso, conta com a ajuda de Leonor, professora que costumava ser uma grande estrela do canto lírico internacional. Parte do que ela ensina à Sarah é preencher os silêncios com emoção. Para fãs de Ópera, uma dica: cada episódio é intitulado com uma ária tradicional e o que está na letra e na melodia, vai preencher a história também.

Alguns dias antes da estreia, as estrelas de O Som e a Sílaba se sentaram para conversar exclusivamente com CLAUDIA, relembrando como um dia habitual na vida das duas acabou gerando uma obra que, hoje, impacta a vida de tantas pessoas.

Entrevista com Alessandra Maestrini e Mirna Rubim

Alessandra Maestrini em O Som e a Sílaba.
Alessandra Maestrini em O Som e a Sílaba. (Disney+/Divulgação)

CLAUDIA: Animadas pra estreia?

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ALESSANDRA MAESTRINI: Muito mesmo.

CLAUDIA: São pelo menos sete anos lidando com a personagem. Como é que foi essa jornada?

ALESSANDRA MAESTRINI: Interessantíssima, o Miguel [Falabella] escreveu a peça e a série pra mim e pra Mirna. Isso porque ele chegou um dia adiantado numa aula de canto nossa e me viu cantando e falou: “tenho que escrever alguma coisa pra ela cantar ópera”. Ele já estava apaixonado pelo tema do autismo, então, escreveu a peça em que eu sou uma autista cantando ópera.

MIRNA RUBIM: Ele viu a Alessandra cantando nos pícaros dos agudos e falou: “Alessandra, o que é isso?!” Ela já tinha falado pra ele que cantava ópera e ele não acreditou. Em 2016, eu estava fazendo uma peça também, era uma peça da Paralimpíada, com Cassiano Fernandes, que era um paralisado cerebral, cantor, meu aluno, e a Alessandra levou o Miguel para ver. Ele juntou tudo porque ele tinha uma paixão muito grande pelo savantismo, que é esse traço de genialidade que algumas pessoas do espectro do autismo têm.

CLAUDIA: Como é trabalhar com Miguel Falabella?

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MIRNA RUBIM: O Miguel é puro amor. Sim, é temperamental e é sincericida, mas é puro amor. Então quando ele te investe em você, ele investe, ele acredita em você e é extremamente atencioso.

CLAUDIA: Sou apaixonada por ópera, mas lamento que, principalmente no Brasil, seja associado ao elitismo, mas, na verdade, tem um papel terapêutico também, não é?

MIRNA RUBIM: Fiz medicina durante quatro anos, antes de estudar canto e sempre tive uma fascinação pela fisiologia e a inteligência humana, a função cerebral. Quando você estuda profundamente e vê que a música organiza diversas neurodiversidades.

CLAUDIA: E como foi se preparar para o papel?

ALESSANDRA MAESTRINI: Pedi pra doutora Mara Belal, que sempre foi minha fonoaudióloga e hoje em dia, minha amiga, se ela tinha algum paciente que ela podia me apresentar de dentro do espectro e ela me apresentou a Júlia Balducci. Eu levei o texto pra Júlia, perguntei se ela sentia falta de alguma coisa, pedi pra ela ler um pouquinho pra mim, se ela queria sugerir algo. Ela adorou, e fiquei vendo qual era o ritmo interno dela, o ritmo de respiração, a linha de raciocínio que se dava, mais ou menos, a condução para responder cada pergunta assim internamente. Quando veio a série, eu apresentei a Júlia pro Miguel e ele se apaixonou por ela, porque todo mundo se apaixona por ela. [risos] A câmera se apaixonou por ela!

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CLAUDIA: E foi assim então que surgiu Laura, a melhor amiga de Laura? Julia, como esse projeto foi pra você?

JULIA BALDUCCI: Foi um projeto muito legal porque eu já me via representada, né? Todo mundo falava “nossa, é a Júlia!”. Foi uma experiência muito gratificante porque sou formada em Comunicação Social e Cinema, por isso já tinha experiência atrás da câmera. E ter essa experiência na frente da câmera foi ainda melhor porque posso falar que eu tenho experiência completa agora.

CLAUDIA: A palavra que mais se ouvia quando a peça estava ainda em cartaz era transformadora. Ela rodou o país e agora está disponível em 70 países. É uma super responsabilidade também, né?

ALESSANDRA MAESTRINI: A peça fala sobre seres humanos, sobre humanidade, sobre convivência, sobre as angústias humanas, sobre as transformações humanas, então ela é transformadora pra todo mundo porque ela toca todo mundo em sentimentos que todo mundo tem, cada um à sua maneira.

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JULIA BALDUCCI: Neurodivergentes ou não divergentes: somos iguais. Todo mundo tem ansiedade, angústia…tem desejo de não ser invisível, de aparecer.

MIRNA RUBIM: Meu sonho de infância era ser atriz de cinema e a vida acabou trazendo isso de alguma maneira [risos]. Foram 5 anos no palco e isso foi um privilégio que a gente teve, porque as pessoas não têm esse tempo de desenvolver as personagens para ir pro streaming. 

CLAUDIA: Qual o poder da música nessa transformação?

ALESSANDRA MAESTRINI: A música conecta as pessoas além de melhorar a conexão neural mesmo, tanto em neurotípicos quanto em neuroatípicos, ela nos conecta com os seres humanos. E pra se fazer música, isso também se fala na série, é muito importante preencher os silêncios, porque uma música sem silêncios é, na verdade, barulho. A música clássica, tanto metaforicamente quanto objetivamente, nos devolve a humanidade, nos devolve a conexão humana e nos devolve a criatividade. Como o Miguel mesmo diz,” Então é que botar todas as mentes em uma única caixa, que é a grande beleza da aventura humana, é a singularidade da mente”.

CLAUDIA: Como é canto lírico, para você? Porque já fazia Musicais…

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ALESSANDRA MAESTRINI: Eles se complementam. O ideal, eu descobri ao longo dos anos, é justamente, e é como eu faço hoje em dia, estudar alternando, cantando lírico e cantando pop. Uma musculatura melhora a outra. Antigamente se achava que uma atrapalhava a outra, hoje se sabe que não.

CLAUDIA: E das Árias que você canta, quais as suas prediletas e quais as mais desafiadoras?

MIRNA RUBIM: A minha favorita é o Vissi D’Arte, que é a primeira. Miguel falou “escolham áreas que vocês queiram cantar”. Escolhemos algumas e em cima das músicas escolhidas, ele teceu a trama.ALESSANDRA MAESTRINI: Tem uma ária na série que não tem na peça – vou dar esse spoilerzinho [risos] – que é a ária da Boneca [da ópera Os Contos de Hoffmann, de Offenbach], que foi a que eu mais tive que estudar porque ela veio em cima da hora mesmo. E graças a Deus deu tudo certo!  Tá bem divertida e bacana a cena.

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