Eu prometi na live de CLAUDIA que hoje íamos falar da revisitação de Amor, Sublime Amor, de Steven Spielberg, que entrou em cartaz nos cinemas e vem como forte candidato ao Oscar 2022. Mas, quem me acompanhar e sabe da minha paixão por Carrie Bradshaw e cia, vai entender o adiamento e minha escolha por And Just Like That, continuação de Sex and the City, como tema desta coluna. As estreias simultâneas da série e do filme partem meu coração, ainda mais que ambas se passam na Nova York que amo. Carrie venceu.
Antes de mais nada, vou falar de alguns spoilers, então, se quiser surpresas, só leia depois de ver os primeiros episódios. Eles não desapontam os fãs. Mas vou tentar guardar o maior deles para que tenham a mesma emoção que tive.
Como antecipei na coluna da semana passada, o assunto “Samantha Jones” é o primeiro tema. Sua ausência é sentida, é explicada, é questionada e ela está presente na narrativa. Não sei se concordo com o motivo oferecido para ela estar longe, me pareceu raso e muito pessoal, especialmente se acompanharmos o histórico dos bastidores.
Samantha e Carrie “brigaram” quando a escritora alegou uma “mudança no mercado literário” – em outras palavras, queda de vendas? Não fica claro -, como razão de não precisar mais de uma assessora de imprensa. Samantha, ofendida, rompeu com ela, Miranda e Charlotte e foi para Londres. Me pergunto o que elas tinham a ver com isso, não é?
Carrie se ressente que a amizade delas tenha sido abalada pelo lado financeiro. Ela chegou a dizer que: “não achava que ela me via como um banco”), o que ficou incoerente com a Samantha Jones que conhecemos.
A alternativa resolve a falta da personagem, mas, se acham que “não matar Samantha” vai ajudar à Kim Cattrall a reconsiderar seu retorno, bom, insinuar que ela é interesseira me parece pesado. Isso responde de alguma forma a alegação de que ainda consideram que a parte de dinheiro influenciou o desgaste do elenco. Será?
Para compensar o vácuo, trouxeram várias outras personagens, que trazem inclusão, atualidade e que são interessantes, mas ainda não completaram a dinâmica. De todos os rumores que vazaram nos últimos meses, um já posso avisar: não tem divórcio. O que não quer dizer que não haverá lágrimas. Aliás, emoção é o que não falta.
Muita gente questiona o sucesso de uma série que parece enaltecer a superficialidade e consumismo, mas um dos segredos de Sex and the City sempre foi de ter um universo aspiracional para inserir os questionamentos comportamentais. Essa fórmula é aplicada em And Just Like That e não parece que se passaram tantos anos desde que assistimos.
Além de Samantha, o primeiro episódio despeja várias questões sensíveis para mulheres de 50 anos, quase todas no colo de Miranda: desde assumir os cabelos brancos à preocupação de ajustar os discursos e pensamentos à cultura atual.
Nisso, a série continua com sua qualidade viciante, que nos faz antecipar as confusões nas quais nossas amigas acabam se metendo. O que posso antecipar do que está disponível é que And Just Like That é Sex and the City, sem nenhum engano. Ah, e ainda fala com o coração feminino.
Os dois primeiros episódios, especialmente o segundo, parecem mais denso, mas são importantes. Considero um começo promissor, embora não veja a série conquistando um público mais jovem. São apenas 10 episódios, portanto a emoção está garantida. Se me permitem uma dica? Mantenham o lencinho à mão. Será necessário.