Keira Knightley volta às telas na pele da espiã inglesa Katherine Gun
Filme baseado em fatos reais conta a história da tradutora inglesa que tentou impedir a Guerra do Iraque em 2003
Em 2003, dois anos após o atentado de 11 de setembro, o mundo estava ainda se restabelecendo depois de um dos piores ataques terroristas da História. A agressividade da administração George W. Bush, apoiada pelo então primeiro ministro da Inglaterra, Tony Blair, contava com a confiança dos cidadãos ainda atordoados e desconfiados. Mesmo a imprensa parecia estar menos questionadora naquele período e esses fatores são o pano de fundo do filme Segredos Oficiais, que chega aos cinemas essa semana. Estrelado por Keira Knightley e Ralph Fiennes, o filme é baseado em uma história real de Katherine Gun, uma tradutora de uma agência do governo britânico que expôs os bastidores da pressão política dos Estados Unidos para que a ONU sancionasse a guerra do Iraque. Gun vazou um e-mail onde provava que os votos a favor da guerra foram ganhos através de chantagem.
O filme levanta questionamentos ainda relevantes para os dias atuais. No papel da tradutora tímida e sem glamour, Knightley se esforça para passar credibilidade, mas não compromete o filme. Katherine não era uma pessoa engajada ou politizada antes do fato, mas era ciente e ativa no trabalho de espionagem que o governo britânico estava fazendo para combater o terrorismo. Ao esbarrar com um e-mail restrito, mas bombástico, Gun, a princípio quase inocentemente, acabou expondo a administração do governo de Tony Blair, assim como o de Bush, por tentar evitar uma guerra sem sentido. Ela não tinha idéia da repercussão de sua atitude e sua vida sofreu reviravoltas dramáticas. Nesse momento, a presença de Ralph Fiennes no papel do advogado inglês, Ben Emmerson, faz muita diferença. Conhecido por se dedicar às causas de Direito Internacional Público, Emmerson é fundamental para a defesa da espiã/tradutora e Fiennes, mesmo com pouco tempo de tela, sempre brilha.
Segredos Oficiais não parece ter a intenção de colaborar com o sentimento de desconfiança que ainda existe no mundo, ou justificar paranóias e conspirações. Com uma mensagem pacifista, a história de Katherine Gun é um exemplo em tempos de fake news e polarização de lados. É um bom filme com uma história verdadeira incrível e que nos faz refletir sobre a sociedade atual.