Black Friday: assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Ana Claudia Paixão

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
Continua após publicidade

Uma canção sobre equidade volta a destacar o brilhantismo de Kate Bush

Inovadora e transgressora, a artista britânica volta aos holofotes por causa de Stranger Things

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 1 jun 2022, 12h47 - Publicado em 1 jun 2022, 09h54
Kate Bush
Kate Bush durante uma coletiva de imprensa para seu especial de Natal, em 1979.  (TV Times / Colaborador/Getty Images)
Continua após publicidade

Kate Bush é genial. Sempre foi. Sua originalidade é insuperável, mesmo que seu som não seja para todos. Ela é e sempre foi “diferente”. Sou sua fã alucinada desde pequena e Running up That Hill foi a música mais tocada no meu Spotify, em 2019. Na verdade, ano atrás de ano. Como alguém tuitou, levitar ouvindo Kate Bush é algo “normal”, em uma alusão bem spoiler da quarta temporada de Stranger Things.

E foi justamente por causa de Stranger Things que essa canção – mais uma vez – ganhou destaque. É, sem questionamento, o maior sucesso da cantora fora do Reino Unido e olha que ela que tem clássicos como This Woman’s Work e Wuthering Heights, entre outros. Seu álbum de estreia, aos 19 anos, The Kick Inside, é até hoje um dos mais influentes para grandes estrelas femininas da música, mas foi com Hounds of Love, de 1985, que estourou nos Estados Unidos. Seu quinto álbum, na época, foi considerado extremamente experimental – de uma artista que é a mais experimental de todas – gravado em estúdio próprio no galpão de sua casa. O controle artístico sempre foi essencial para ela e seu som, com grande destaque para equipamentos eletrônicos como sampler (que ainda não eram comuns há 30 anos) e batida dobrada não tinham paralelo.

Se a melodia já seria suficiente para destacar a canção, a rebeldia de Kate se revelou igualmente quando chegou a hora de gravar o vídeo para a MTV. Na época, a regra era ter vídeos contando história ou grandes coreografias, com os músicos fazendo lip sync. Porém, isso jamais seria o suficiente para ela que, assim como Madonna (no auge), também era bailarina moderna profissional e usava coreografias curiosas em suas apresentações (Wuthering Heights é até hoje imitada e tem um dia só seu no calendário dos fãs, falarei mais aqui em CLAUDIA em julho, prometo).

Por isso, quando chegou a vez de filmar Running Up That Hill, se recusou a seguir a regra geral. Escolheu expressar sua mensagem através da dança. “Vi alguns vídeos e senti que a dança estava sendo usada de forma bastante trivial, sem realmente a expressão séria e maravilhosa que pode dar”, Kate explicou na época sobre seu vídeo. “Então sentimos como seria interessante fazer uma rotina muito simples entre duas pessoas. Então foi isso que tentamos, realmente, fazer uma dança séria”, completou.

A MTV não gostou do resultado e alternava a exibição do vídeo com um de Kate Bush cantando a canção ao vivo. Na letra e na dança, ela mostrava a luta da mulher pela equidade, algo que há 37 anos não apenas era tabu, mas não estava em pauta.  Quando escreveu Running Up that Hill, Kate a batizou como A Deal with God, mas a gravadora temia que citar Deus em uma canção atrapalharia a divulgação e assim acabou por eliminar a menção, algo que irritou a cantora profundamente. Afinal, é a prece de uma mulher que queria fazer um acordo com Deus para trocar de lugar com um homem.

Continua após a publicidade

“Trata-se de um relacionamento entre um homem e uma mulher que se amam muito, mas o poder do relacionamento é algo que atrapalha. Cria inseguranças”, ela explicou em uma rara entrevista, na época do lançamento. “É dizer que se o homem pudesse ser a mulher e a mulher o cara, se pudessem fazer um trato com Deus, trocar de lugar, eles entenderiam o que é ser a outra pessoa e talvez esclarecer mal-entendidos”, disse ela. Foi por insistência da própria Kate que esse foi o primeiro single do álbum, mais uma vez indo contra a gravadora. Acertou em cheio, desbancando então a onipresente Madonna das paradas de sucesso.

Kate Bush - stranger things
Sua música, que já apareceu em diversas séries, agora volta em cena de Stranger Things. (Stranger Things/Divulgação)

Regravada por famosos como Placebo e usada inclusive na abertura das Olimpíadas de Londres, para marcar a entrada da delegação britânica, Running up That Hill apareceu em várias séries e filmes. Só para lembrar alguns dos títulos, está nas trilhas sonoras de Big Little Lies,  How To Get Away With Murder, NCIS: Los Angeles, The Vampire Diaries, CSI: Crime Scene Investigation, Bones, The O.C., The Handmaid’s Tale e, agora, Stranger Things.

É bem interessante como a canção tomou o mundo de surpresa novamente. A oração de Kate Bush hoje já tem uma recepção diferente, e segue encantando gerações.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

a partir de 10,99/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.