Quando eu estava no ensino fundamental, eu era boa de matemática. Não só isso: eu gostava de matemática. Adorava ver um problema que eu conseguia resolver com lógica simples. Equações de segundo grau? Eu amava elas.
Eu era uma aluna tão aplicada que resolvi participar da Olimpíada de Matemática da minha escola – e fiquei em segundo lugar. O troféu está ainda guardado em algum canto na casa da minha mãe.
Mas algo aconteceu – e eu não sei o quê – mas quando estava para terminar o ensino médio, a minha habilidade na disciplina era sofrível. Tão ruim a ponto de não ir tão bem no vestibular por conta da maldita da matemática.
Ir para a faculdade de jornalismo só piorou as coisas. Eu passei a brincar: “sou de humanas e sou péssima para fazer contas”. Aonde tinha ido parar aquela menina que gostava de fazer lição de casa de matemática?
Mas pior do que a minha habilidade era a minha postura. Frases como “sou ruim de matemática e não há nada que eu possa fazer a respeito” ou “se alguém precisar fazer alguma conta, é melhor pedir ajuda dos universitários” eram lançadas a torto e a direito.
Foi quando li o livro “Mindset”, da psicóloga da Universidade de Stanford Carol Dweck, que a ficha caiu. Eu encarava a minha capacidade de fazer contas como algo fixo e imutável. Eu sempre fui ruim de matemática e para sempre serei. Mas aquilo não era bem verdade, não é?
Dweck chama esta postura de mentalidade fixa: ou você é boa, ou é ruim – e não há nada que possa mudar isso. Mas existe uma outra forma de encarar as nossas habilidades: a mentalidade de crescimento. Segundo esta forma de pensar, se você se esforçar, pode sim tornar-se bom em algo.
É interessante notar que eu nunca encarei a minha dificuldade em matemática como uma incapacidade de lidar bem com dinheiro. Eu aprendi em casa a cuidar da minha vida financeira aos poucos e, para mim, isto esteve sempre muito mais ligado aos meus comportamentos do que à matemática em si.
Mas a partir do momento em que comecei a trabalhar com educação financeira junto com mulheres, comecei a ver esta mentalidade fixa em muitas das pessoas com quem conversava. “Eu sou péssima de matemática e, por isso, não sei lidar com dinheiro!”, era a mensagem geral. Como uma questão imutável, como se os seus talentos fossem limitados e finitos.
Se você se sente assim, vale mudar um pouco a forma de encarar a sua capacidade e tentar adotar a mentalidade de crescimento. Você pode não ser boa em matemática, mas pode sim aprender a fazer contas e a lidar com dinheiro – até porque foi isso que aconteceu comigo.
“Ter confiança requer uma mentalidade de crescimento porque ao acreditar que estas habilidades podem ser aprendidas, você começa a fazer coisas novas”, explicam as jornalistas Katty Kay e Claire Shipman, autoras do livro “O Código da confiança”.
Ao longo da minha jornada, percebi que não preciso saber fazer conta para cuidar das minhas contas – afinal, a calculadora e o Excel estão aí para isso. Então leve esta mensagem com você e aceite o meu desafio: ser boa com dinheiro é algo que você aprende a fazer. E você só aprende se quiser.
Para ler mais sobre finanças, acesse o site Finanças Femininas.
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