Esta é minha última coluna em CLAUDIA. Em 2022, passei a compartilhar com vocês minhas experiências pessoais e percepções sobre a parte que me cabia em cada história de amor que não saía como eu esperava. Minha intenção foi mostrar como os problemas dentro de um relacionamento estão conectados a escolhas nossas feitas a partir de medos, angústias, pressões sociais, sonhos, ideais, apegos e desejos.
Percebi o quanto eu colaborava com a produção da minha própria dor a partir do momento em que decidia, de forma consciente ou não, alimentar comportamentos impostos por uma sociedade que maltrata as mulheres (e digo isso sem vitimismo nenhum, apenas constatando a realidade material).
Me dei conta, durante essa jornada, que os principais motivos do meu sofrimento dentro das relações estavam distantes de quem realmente sou. Se a gente não sabe quem é, acaba sendo o que o mundo impõe, não é mesmo?
Esta despedida culmina de forma sincrônica com a cura que “recebi” em relação a esse tema. As aspas são propositais. Nada caiu do céu. Foi um processo longo, doloroso e desafiador até eu poder afirmar que relaciona- mentos não têm mais cadeira cativa na minha jornada.
Chegou a hora de ocupar esse grande espaço que se abriu na minha vida comigo mesma. (E o espaço é surpreendentemente maior do que eu imaginava, confesso.)
Sei que muitas mulheres buscam essa cura. Mas ela não está no simples fato de encontrar alguém legal. Isso ajuda, é claro, mas o que precisamos é cuidar de algo que está dentro da gene, guardado a sete chaves, que se não for olhado de forma verdadeira e corajosa pode minar um relacionamento com uma pessoa bacana.
Essa cura pode sim acontecer acompanhada, mas eu desejo profundamente que não — que você tenha a chance de caminhar sozinha, sem subterfúgios.
Não porque eu seja má ou porque acredito na dor como forma de aprendizado, mas para que você possa reconhecer o verdadeiro tamanho da sua potência, sem essa busca inveterada por companhia.
Eu cansei de me relacionar comigo mesma e cansei também de não ser vista. Percebo que ninguém está se vendo. Estamos todos conectados com nossas sensações e deixando que elas ditem os nossos planos.
Uma busca fugaz por emoções, que torna os relacionamentos cada dia mais líquidos. Por isso, não há outro caminho, a não ser o da auto-observação.
Entender nossas dinâmicas internas para se relacionar com as pessoas como elas são. A escolha diária tem perenidade, tem respeito, tem afeto e tem amor incondicional.
É isso o que eu desejo a cada mulher e a cada homem que me acompanhou por aqui durante minha colaboração com esta linda revista. Desejo que se vejam para, paradoxalmente, pararem de olhar só para si.
Assim, poderão, enfim, ver os outros e se relacionar com o mundo, e não só com as tramas de um ego adoecido que, por isso, se mostra inoperante diante da magnitude do amor.