Black Friday: assine a partir de 1,49/semana

Roberta D'Albuquerque

Por Maternidade Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Roberta D'Albuquerque é psicanalista e autora do livro Quem manda aqui sou eu - Verdades inconfessáveis sobre a maternidade
Continua após publicidade

Os filhos e suas fisgadas

Mãos nas costas e suspiro interrompido. Bolsa de água quente almofadas afofadas uma aqui outra lá.

Por Roberta D'Albuquerque
13 ago 2018, 15h22
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O ar até doi, quando tenta ocupar o mesmo espaço entre cabeça e pernas. Claro que há pescoço, cervicais e torácicas, mas quando grita a lateral direita na altura da L3, nenhuma outra voz merece escuta. Nem mesmo a minha, dona do corpo choroso que abriga essa briga entre a fisgada e a tentativa de (inconcebível) relaxamento muscular.

    Há três longos dias e noites, toda a atenção voltada para o desconforto. Falam as vontades e eu calo, convidam as músicas e eu paro, empenham-se os livros e dou de ombros (com todo cuidado do mundo). Mãos nas costas e suspiro interrompido. Bolsa de água quente almofadas afofadas uma aqui outra lá.

    Se é a primeira vez que travo as costas? Não, escoliose desde pequenininha. Ocorre que tem feito muito frio em São Paulo e as noites geladas convidam para dois agravantes e uma impossibilidade de tratamento. A começar por Mia, a gata que ao primeiro despencar de termômetros transforma-se em uma criatura adesiva.

    Coabitamos 50 centímetros de cama em um balé lento e desastrado que contém uma humana cuidadosa e praticamente imóvel e uma gata com sono levíssimo e grande potencial para acordar aos miados todos os membros da casa. Seguido pelo corpo tenso, resposta à sensação térmica de um dígito. Tudo isso embrulhado na falta de coragem de colar um emplastro de uma vez e sentir o gelo cortante desconsertar a birra da coluna.

    Continua após a publicidade

    Uma mãe penosamente torta que observa agora, a criança de 23 quilos retorcida no sofá, olhos fechados, sono garantido de quem ainda funciona em seu completo potencial. O roteiro aponta para um colo mais cama que me soa como o pior dos cenários. Tento acordá-la daqui, desde o “meu amor vamos deitar” até o “levanta que estou te chamando” sem nenhuma chance de obter sucesso em um futuro próximo.

    A cena a princípio trágica, me devolveu à chegada de minhas filhas, quando passei a sentir com mais frequência a lombar, resultado dos colinhos que àquela altura eram um presente cansativo ainda que muitíssimo bem-vindo. “Só sossega no meu colo”, lembro de dizer convencida mesmo sabendo que mentia. Como dorme lindamente minha menina. É meu primeiro sorriso em três dias. Os filhos e suas fisgadas.

    Publicidade
    Publicidade

    Essa é uma matéria fechada para assinantes.
    Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    Impressa + Digital no App
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital no App

    Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

    Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
    digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

    a partir de 10,99/mês

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.