Para o alto e avante!
Crescer é como passar de fase em um jogo. Expandem-se os recursos, alongam-se as possibilidades, espicham-se os caminhos, amplia-se o repertório.
“Eu odeio crescer.”
Disse minha filha mais velha hoje, sobre suas roupas favoritas que já não cabem mais. “Todas as minhas calças, minhas blusas, meus casacos estão apertados.” É Lalá, crescer dá um aperto mesmo.
É de apertar o peito despedir-se do corpo que conhecíamos, dos espaços que ocupávamos, dos bem-vindos e bem-vistos não saberes da primeira infância. É de pressionar com força essa tentativa de fazer os ponteiros do nosso relógio do crescimento coincidirem com os de nossas amigas. É de quase estrangular esse teu coraçãozinho aí o desejo de se fazer entender no meio dessa confusão interna.
Do lado de cá, de quem há muito passou pelo que você está passando agora, tenho duas notícias para te dar. Uma parece ruim mas é boa e a outra é ótima.
A ruim/boa: Vai passar. Rapidinho vai parar de doer. Mas essa é só a primeira grande virada da vida. Estamos em transformação o tempo todo. Melhor assim.
A ótima: Crescer é difícil, mas é bom. É como passar de fase em um jogo, sabe? Expandem-se os recursos, alongam-se as possibilidades, espicham-se os caminhos, amplia-se o repertório. E no mais, não há outra escolha disponível. É inviável parar o processo, voltar, encolher.
Ainda que reverter o curso fosse uma alternativa, mesmo diante de todos os boletos assustadores, das reuniões longas e chatas, e dos joelhos estragados de hoje, eu não optaria por ser criança de novo. Amei minha infância, mas gosto de andar pra frente.
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