Com 102, Dona Helena estreia série “Centenários do Brasil” da coluna
Mineira de Belo Horizonte, ela dedica seus dicas à caridade
![Centenários do Brasil](https://gutenberg.claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/09/MG_9385.jpg?quality=85&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
“Agora, sim, estou ficando velha”. Foi com humor e um sorriso largo que Dona Helena Orsini, de 102 anos, nos recebeu em sua casa na última semana, na região centro-sul de Belo Horizonte.
A visita foi combinada para o fim da tarde, pois ela tem duas horas de descanso depois do almoço, ritual que cumpre religiosamente. O intervalo divide longos períodos de trabalhos manuais, pois desde os 90 anos dedica seu tempo a ajudar pacientes de hospitais e pessoas carentes. Mais recentemente, Dona Helena partiu para o tricô: “Ao pensar nas crianças e adultos que passam por quimioterapia e podem sentir frio nas cabeças, ela se dedicou a fazer os gorros, que são encaminhados ao Hospital da Baleia”, conta Maria Beatriz Orsini, sua filha.
![centenarios do brasil helena centenarios do brasil helena](https://gutenberg.claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/09/MG_9433.jpg?quality=85&strip=info&w=1024&crop=1)
Um pouco de história
Filha mais velha de Olyntho Orsini de Castro, um médico dermatologista extremamente caridoso, de quem tem um baita orgulho (“Papai fez muita caridade, foi um homem fantástico e dedicado”), nossa supercentenária teve uma infância e adolescência confortáveis na capital mineira, de onde saiu depois de se casar com Carlos, um engenheiro nascido em Manaus que trabalhava na Vale do Rio Doce e foi encarregado de erguer vários prédios importantes em Itabira, Minas Gerais.
![centenarios do brasil helena centenarios do brasil helena](https://gutenberg.claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/09/MG_9368.jpg?quality=85&strip=info&w=1024&crop=1)
“Tive um marido que não existe mais”, derrete-se ao falar do parceiro de 67 anos de casamento, com quem teve 7 filhos que lhe deram 18 netos e 22 bisnetos.
Quando o assunto é o namoro à moda antiga, ela sorri contando que de vez em quando escapulia um beijinho, mas que nunca a deixavam sozinha com o noivo, com quem formava uma ótima dupla. “Eu tocava piano e ele cantava”. No repertório do casal estavam músicas como Cicatrizes, de Jorge Araújo, e Mulher, de Orlando Silva, essa última considerada imoral para a época.
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Questionada sobre o porquê de sua longa vida, ela desconversa, pois não tem essa fórmula para passar, mas chama a atenção para a presteza de Rose, cuidadora que vive com ela já há algum tempo. Juntas elas rezam o terço todos os dias às 6 da tarde, conexão essencial para Dona Helena, afinal, segundo ela “o mundo está precisando de muita reza.”
![centenarios do brasil helena centenarios do brasil helena](https://gutenberg.claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/09/MG_9441.jpg?quality=85&strip=info&w=1024&crop=1)
Conselhos para a vida? Aos netos e descendentes ela pede união: “Sejam amigos da família. Quando eu morrer, vocês têm que continuar unidos.”