“Está valendo a pena viver”. Isso é o que Ume Shimada, de 94 anos, tem dito para a filha Terezinha já faz um tempo. Matriarca de uma família de chazeiros, obaatian (vovó em japonês) colhe os frutos de anos de trabalho árduo, mas feito com muita disposição e alegria.
Elizabeth Ume Shimada é filha caçula de um casal de imigrantes japoneses que chegou ao Brasil em 1913. Nasceu na cidade paulista de Registro, SP, em 1927, e se casou aos 25 anos com o imigrante Akira Shimada, falecido há 10 anos. Com o sr. Shimada teve seis filhos, três homens e três mulheres.
Empreendedora, muito antes de essa palavra virar moda, ela foi professora de corte e costura, dona de ótica, feirante na Grande São Paulo, mas quando ganhou o sítio Shimada de sua mãe, em 2004, viu uma oportunidade de resgatar da tradição do chá, que naquele momento era bem desconhecido por aqui. Dez anos depois, inaugurou uma pequena fábrica de chá preto artesanal e, graças à muita dedicação dela e dos familiares, a empresa, batizada de Sítio Shimada, decolou.
Dona Ume credita ao chá um dos trunfos de sua longevidade e beleza que segue esplendorosa aos 94 anos recém-completados. Conforme acrescenta sua filha Terezinha, o chá branco, um dos carros-chefes do Sítio Shimada é considerado o chá da beleza por ter alta concentração de antioxidantes e é um dos prediletos da matriarca.
Acostumada a começar a lida bem cedinho – depois de acordar e fazer suas orações, por volta das 4 da manhã – ela também atribui ao trabalho o sucesso de sua plenitude. Enquanto eu conversava com sua filha ao telefone, dona Ume estava no quintal capinando, embora esta não seja sua função diária.
“Sem trabalho não tem graça. Quando as pessoas me perguntam qual o segredo da longevidade, eu respondo que é só acordar cedo e trabalhar”, ensina. Dona Ume costuma se manter ativa até de noite, mas sempre tira um tempinho para o soninho da beleza e para jogar paciência no computador, afinal ela sabe bem que as pausas são essenciais para seguir adiante.