Se a sua resposta para a nossa pergunta inicial foi um sonoro “não”, sentimos muito! Sentimos mesmo! Mas antes de continuarmos, uma breve apresentação: somos Alê e Lucas, criadores do Histórias de Ter.a.pia e novos colunistas aqui na CLAUDIA. Você provavelmente já viu circulando nas redes sociais algumas pessoas contando suas vivências enquanto lavam louça, né? Esse é o nosso projeto! E além da gente botar o povo para hablar, também somos ex-namorados, e trabalhamos juntos, e somos muito amigos, e viajamos juntos, e conversamos sobre nossos novos relacionamentos e… Bom, você já entendeu onde queremos chegar.
Sim, somos um ex-casal que se dá muito bem. Parece loucura para você? Talvez seja, porque a gente só tem referência negativa de pessoas que se separam. Aquela prima que não quer ver o ex nem pintado de ouro, aquele amigo que fala mal da ex só por falar (e que você deveria repreender), são tantos exemplos ruins de término de relacionamentos a nossa volta que quando temos um exemplo positivo, além de nos surpreendermos, associamos aquelas pessoas a uma suposta maturidade. E, de fato, existe uma maturidade em jogo, mas desenvolvê-la é bem trabalhoso, principalmente no começo do fim, quando é muito mais fácil a gente jogar tudo que vivemos com nosso ex no lixo e falar “não deu certo”, “foi um erro”, “fracassamos”.
Somos ensinados que as relações não podem passar por mudanças porque isso quer dizer que elas não tiveram sucesso. Nós dois vemos isso diferente. Não é porque um relacionamento acabou que ele foi um fracasso. Nós dois passamos quatro anos como namorados, mas, depois desse tempo, as coisas foram mudando. Você pode pensar que passamos a brigar, que não aguentávamos mais olhar um para o outro. Mas não. Certo dia, o Alê pediu para conversar e passar as coisas a limpo. Ali, os dois perceberam que era o fim de um ciclo e que esse fim não era o rompimento da amizade que os dois construíram paralelamente à relação romântica.
Aqui, um parênteses importante: falamos sobre essa perspectiva pensando em relações que foram pautadas no respeito, no carinho e no diálogo. Tem gente que precisa sumir da nossa frente mesmo.
É claro que houve o luto do fim, que houve o estranhamento de ser íntimo, mas ao mesmo tempo ser uma nova relação… Encaramos tudo isso com muita maturidade — apesar de negarmos essa palavra por muitos meses. Por um tempo, definimos o nosso término e a nossa amizade nesse pós como “normal”. “Todo mundo pode fazer isso.” Porém, aprendemos com o tempo que não.
Maturidade requer reflexão, responsabilidade, equilíbrio, disposição. E isso é chato, incômodo… É tipo dobrar 10 lençóis com elástico! E a gente só quer sentir prazer e felicidade, ainda mais quando se trata de relacionamento. Logo, é mais fácil descartar todo aquele tempo com alguém e fingir que ele não existiu. Cá entre nós três? Ele não vai deixar de existir. Essa relação teve coisas boas. Quantas risadas, momentos de acolhimento, conquistas e compartilhamentos vocês tiveram juntos? Vale mesmo a pena fingir que esqueceu tudo isso? A gente espera que não. Ex bom é ex com quem a gente pode dividir uma relação saudável, e quem sabe, ainda, um bom café.