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Diário De Uma Quarentener

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Juliana Borges é escritora, pisciana, antipunitivista, fã de Beyoncé, Miles Davis, Nina Simone e Rolling Stones. Quer ser antropóloga um dia. É autora do livro “Encarceramento em massa”, da Coleção Feminismos Plurais.
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Gosto muito de você, leãozinho

Diferença de idade afasta irmãos? A escritora Juliana Borges mostra que não ao contar a sua relação com sua caçula, Lili

Por Juliana Borges
Atualizado em 26 jul 2020, 20h06 - Publicado em 26 jul 2020, 20h05
 (Manoj Shah/Getty Images)
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São Paulo, 26 de julho de 2020

Há 15 anos que o dia 26 de julho não é o mesmo. Porque nascia minha irmã, para sempre irmãzinha, Alícia. Eu e minhas irmãs maternas temos intervalos longos entre o nascimento de uma e outra. Somos em três. Quando Mariana, a do meio, nasceu, eu tinha 12 anos. Quando Alícia, a mais nova, se apresentou ao mundo, era Mariana que tinha 11 anos. Algumas pessoas dirão que isso poderia ser um elemento que não nos faria tão próximas. Mas, não sei qual foi a mágica engendrada por minha mãe e meu “paidrasto”, que a coisa deu certo e conversamos sobre tudo, gostamos de estar uma na companhia da outra e nos divertimos juntas. Também avalio como uma loucura de ambos, já que enfrentar bebês e adolescentes ao mesmo tempo deve ter sido uma tarefa bem desafiadora. Mas, aqui e estamos e o resultado “deu bom”.

Uma sensação imensa de gratidão me preenche quando vejo o quão maravilhoso é acompanhar seu crescimento, conversar sobre os livros que mais gosta de ler e sempre me espantar em como ela lê rápido – o primeiro combinado era de um livro por mês, mas já precisa ser repactuado, já que ela lê um livro a cada 2, 3 dias. As opiniões de Alícia sempre foram fortes e, na infância, ela era o que chamamos de “sem filtro”, com muitas histórias sobre os seus comentários em momentos que deixavam a todos em alguma saia justa. Com o tempo, ela foi aprimorando sua capacidade de observação e seu senso de oportunidade em expor suas opiniões, que continuam fortes, assertivas e destemidas. Nunca vi Alícia ter medo de dizer que não concorda com alguma coisa. E acho isso uma das características mais incríveis que possamos incentivar em alguém. Como um solzinho, ela sempre arrastou nossos olhares e sempre foi leãozinha cheia de si. Que assim sempre seja.

Não tenho problemas, aliás gosto mesmo, de ser a irmã mais velha que precisa cerrar os olhos para enxergar alguma coisa, enquanto ela ri; adoro ter um apelido próprio criado por ela; e também de assistir seus filmes preferidos, de super-heróis e histórias fantásticas, e ser aquela que pergunta detalhes e o que vai acontecer até que ela se canse de responder, dizendo que eu preciso assistir outros para entender toda a trama. Também gosto de ver como ela tem projetado seus sonhos e como gosta de ciência e se preocupa com a natureza. E essas palavras aqui são apenas para expressar meu imenso amor e gratidão por podermos fazer essa jornada da vida juntas. Parabéns, Lili!

Conversando sobre notícias ruins com as crianças

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