São Paulo, 22 de julho de 2020
Você conhece o vídeo “procrastination” do John Kelly? Eu já falei de procrastinação por aqui? Talvez, o texto de hoje seja uma procrastinação. Quem sabe? Eu não sei bem, já que eu procrastinei o dia todo. Ou não.
Mas, eu me recuso a esse lugar de procrastinadora. Eu sou uma realizadora, uma vencedora e mereço meu “grito da feminilidade”! Eu mereço mostrar do que eu sou capaz em uma sala lotada de mulheres, evocando o grito das amazonas, olhando nos olhos de cada uma de vocês, para que eu não tenha dúvida alguma de que… SIM, EU POSSO! Mas, talvez, esse parágrafo tenha sido apenas mais uma procrastinação.
Já estava nos meus planos acordar cedo hoje. Eu precisava, PRECISO, reorganizar minha rotina de sono e trabalho. Eu preciso ter os meus domingos de volta, só-assistindo-netflix-ou-amazonprime-ou-hbo-ou-globoplay-ou… eu acabei fazendo propaganda de streaming de graça. Desculpas à editora do meu texto por isso e a CLAUDIA. Meu cachorro – que na verdade é o cachorro da minha irmãzinha, já que eu escolhi por ter gatos (e eles estão aqui, bem, obrigada. Miles Davis Borges, Maria Felipa Borges e Nina Simone Borges, essa última in memoriam) – está entediado e começou a chorar às 7h30 da madrugada porque queria brincar com seu dog companheiro, que eu já não me recordo o nome. Como a ideia era acordar às 9h30, eu fui ter um papo com o Aquiles, o cão, e já resolvi ficar acordada. Qual seria o certo? Adiantar algumas tarefas, algumas coisas de trabalho, mas eu preferi… procrastinar. Eu entrei no Instagram, no Facebook, mesmo sabendo que, provavelmente, não teria nenhuma novidade desde a minha última visualização às 3h07 da madruga. Mas eu sou uma realizadora sim, porque consegui iniciar os trabalhos às 10h30, como programado. Até que eu procrastinei com uma xícara de café, seguida de uma olhada em e-mails que eu não vou responder já que, se eu fizer isso, vou atrapalhar as visualizações que meu gestor de carreira irá fazer – sim, agora, eu tenho gestor de carreira. Eu preciso. Porque uma das desculpas para eu procrastinar era ter muitas coisas na cabeça. Então, agora, tenho alguém para me ajudar a ter mais espaço na mente. Qual foi, então, a desculpa para que uma xícara de café, que demoraria 5 minutos para ser preenchida e trazida de volta à mesa de trabalho, se transformasse em 42 minutos? Não sabemos.
A escritora Margaret Atwood disse há pouco, em uma entrevista, que é uma procrastinadora. Por um breve momento, me senti aliviada. Ora, se a Margaret Atwood procrastina… E pensar sobre essa entrevista também foi uma procrastinação.
Segundo o vídeo viral, e perfeito, do John Kelly, procrastinar é evitar fazer algo, não ser capaz de começar, pular de uma ideia para outra e para outra e inventar uma série de coisas que façam você adiar alguma tarefa que você precisa fazer. E isso pode ter vários motivos, como ter algum bloqueio para enfrentar determinado tema, desmotivação diante daquilo, auto-boicote e uma série de outras questões. Ou você pode simplesmente ser uma viciada em procrastinação. Eu já tentei o método da Margaret de deixar o celular longe. Mas a procrastinação não me impede de levantar da cadeira, andar até a gaveta, ligar o celular e… dar aquela olhadinha em alguma notícia e… puxa, a Gretchen se separou do 17º marido, já está de namorado novo e eu não sabia! Detalhe importante: Gretchen é uma diva para mim. Pode casar 30 vezes e nada mudará. Eu preservo minhas memórias de uma infância nos anos 80 com certo saudosismo.
Desculpe esse texto ser uma gigante procrastinação. Mas, a despeito de eu ter participado de duas reuniões e uma live hoje – alô, Instagram! Estou com problemas técnicos nas minhas lives! – minha lista de coisas que eu pretendia ter realizado hoje não foi tão bem sucedida. Ainda tenho um manuscrito para terminar e sigo empacada nas duas últimas páginas. E que meu editor não leia esse texto.
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Em tempos de isolamento, não se cobre tanto a ser produtiva: