São Paulo, 03 de maio de 2020
E chegamos a um mês nesse diário. Não dava para deixar passar batido, né? E eu só quero agradecer esse tempo aqui com você. Já discutimos muitas coisas e temos muitas ainda para trocar.
Quando pensamos nesse diário, eu e a querida Guta, diretora da revista, havia uma preocupação de minha parte de não ser enfadonha. Porque, vamos combinar, um diário, em uma quarentena, não parece algo com tantas reflexões e zero aventuras para contar. Eu tinha receio de estar tão absorta na minha ansiedade a ponto de não conseguir desenvolver nada de interessante. Mas acho que estamos indo bem, certo?
Para alguns pode não parecer, mas tudo que compartilho aqui são reflexões genuínas que tenho, a partir da minha rotina de ler jornais do dia, ler artigos acadêmicos que me interessam, das minhas leituras feministas, das minhas ansiedades, das reinvenções diárias sobre como sentir e viver felicidade, amor e tentar relaxar mesmo diante de tudo isso. Meu dia se organiza pelo tempo que separo para dividir com você o meu dia a dia.
Mais do que um espaço em que só eu falo sobre tudo que penso, acredito que esse pode também ser um espaço de troca e de soma – essa última, a “soma”, como conceito de vida que aprendo todo dia com a artista plástica, poeta e ativista Lua Leça. Porque soma não é só sobre a gente juntar perspectivas. É sobre a gente compreender nossas contribuições e como elas produzem um amálgama positivo diante dos desafios que a gente tem pela frente. A soma prevê o impulsionamento, sabendo das complexidades e diferenças que não precisam ser excludentes ou desiguais, que podem ser trocas de encontro e explosão de possibilidades.
É assim que vejo esse espaço que nutrimos todos os dias. Em trocas, em somas para que estejamos mais fortes quando isso tudo passar. Porque vai passar. Não tenhamos dúvidas sobre isso nunca.
Sou pura gratidão, sabendo de todas as nossas dificuldades, porque escrever, para mim, sempre foi um escape, um modo de ver, entender e lidar com o mundo. Você pode não perceber, mas esse espaço aqui tem sido refúgio, alento e alívio, mesmo quando a gente troca sobre questões bem sérias. Eu espero estar, também, ajudando você aí seja para rir um pouco, seja para refletir sobre coisas novas para você, seja para discordar. Não tem problema porque isso é profundamente humano. E acho que essa pandemia demanda que a gente retome o bom do humano e repense, também, essa ideia de humanidade que reproduzimos até aqui.
Mas como eu disse, hoje eu só agradeço por esse espaço e por esse tempo que você separa para me ler. A gente se encontra amanhã. E depois, e depois. Se cuide, fique em casa e fique bem.
Acompanhe o “Diário De Uma Quarentener”:
01/04 – A rotina do isolamento de Juliana Borges no “Diário De Uma Quarentener”
02/04 – O manual de sobrevivência de uma quarentener
03/04 – Permita-se viver “o nada” na quarentena sem culpa
06/04 – O que a gente come tem algo a ver com as pandemias?
07/04 – As periferias e as mobilizações na pandemia
08/04 – Um exemplo de despreparo em uma pandemia
09/04 – Como perder a noção do tempo sem esquecer a gravidade dos tempos
10/04 – Não é hora de afrouxarmos o distanciamento. Se você pode, fique em casa!
11/04 – 3 filmes para refletir sobre a pandemia da Covid-19
12/04 – Nesta Páscoa, carrego muitas saudades. Hoje, minha mãe completaria 54 anos
13/04 – Obrigada, Moraes Moreira!
14/04- E aí, quais são as lives da semana?
15/04 – Como praticar autocuidado radical?
16/04 – #TBT da saudade do mar
17/04 – Precisamos falar sobre a pandemia e violência contra as mulheres
18/04 – Mulheres na política fazem a diferença também no combate à pandemia
19/04 – Quem cuida de quem cuida?
22/04 – Dia da Terra e o futuro da humanidade
23/04 – Dia do Livro e a menina que amava livros
24/04 – O País está de ponta-cabeça
27/04 – Diário de uma “Cristinder”
28/04 – A saudade que o BBB vai deixar
29/04 – E daí? O que você vai fazer com esse desdém?
30/04 – O que você comeu hoje?
02/05 – Felicidade em tempos de pandemia
Em tempos de isolamento, não se cobre tanto a ser produtiva