A dança transformando vidas
Ballet Paraisópolis completa 10 anos de história e comemora com ampliação de sua sede na comunidade em São Paulo
São muitas histórias de amor e superação transformadas pela arte da dança nos quatro cantos do planeta. É isso que o amor incondicional de Monica Tarragó pelo ballet vem fazendo desde 2012 com a vida de crianças e adolescentes da comunidade de Paraisópolis localizada na Zona Sul de São Paulo. O ballet de uma das maiores comunidades do país, está completando 10 anos, e essa comemoração envolve uma exposição de toda essa trajetória, um livro que está sendo escrito, um documentário que será lançado em 2023 e a ampliação do prédio de sua sede de três andares dentro da comunidade.
“Do início em uma pequena sala com apenas 20 alunos ao prédio de três andares que atende mais de 200 crianças e há uma fila de espera com outras duas mil, capacitamos e facilitamos crianças alçarem seus voos por meio de oficinas nas mais diversas áreas. Além da dança, educação, saúde e ações sociais também integram as atividades. Passamos por inúmeros palcos pelo Brasil, desfilamos no Carnaval de São Paulo e chegamos até Nova York”, enfatiza Tarragó.
Desde muito jovem, Monica escolheu a dança, e foi através dela que resolveu mudar a vida de muitos. “A minha vida está aqui. Eu acordo assim: “Se eu não tenho o ballet, para mim, é muito difícil. As minhas férias são super reduzidas, até porque eu preciso ocupar muito o tempo deles. Se fosse de domingo a domingo seria bárbaro. E para mim é assim, é o meu sentimento”, explica.
Completar 10 anos do Ballet Paraisópolis para Monica é entender que tudo é possível, que podemos sonhar e realizar, é de fato uma grande vitória. “Nossa! Completar 10 anos é uma vitória! Eu choro todos os dias… A hora que entrega a exposição eu choro, agora vem o livro e eu choro. Eu estou assim porque conseguimos chegar aos 10 anos, ter o Grupo Jovem, a Cia Jovem, enfim, estamos sendo coroados.Essa entrega dos 10 anos é a chave que estamos virando. Os pequenos estão em formação, os mais velhos já estão começando a voar, e nós já estamos entrando no radar, no circuito de companhias”, explica Monica.
O novo andar do Ballet Paraisópolis fornecerá uma apta e ampla infraestrutura e conta com sala sem pilastras, proporcionando maior qualidade e segurança de movimentos nas aulas e ensaios, além de refeitório, vestiário, horta e jardim, promovendo a conscientização sustentável dos alunos através de pequenas atitudes do dia-a-dia.
Nesta comemoração dos 10 anos de existência, ainda envolve a formatura de oito jovens bailarinas integrantes do recém-criado Grupo Jovem Ballet Paraisópolis, a estreia do espetáculo de dança contemporânea Bando, as apresentações da remontagem do balé Paquita e uma suíte inspirada no primeiro ato de A Bela Adormecida e a exposição fotográfica Ballet Paraisópolis 10 anos – Voar é Possível.“Aqui estamos formando profissionais e cidadãos. A ideia é essa! Eu tenho crianças aqui que eles mesmo já estão documentados: “Eu não serei bailarino, mas eu serei o seu cenógrafo, eu serei o seu audiovisual, eu sou a sua secretária”. Então, que não seja um bailarino, mas seja um bom cidadão para o mundo. Esse que é o debate aqui”, finaliza.