Em cartaz até 15 de maio no 033 Rooftop do Teatro Santander, localizado no Complexo JK Iguatemi, em São Paulo, uma das histórias de amor bandido mais famosa de todos os tempos, vivida pelo casal que ficou conhecido por aterrorizar os EUA na década de 1930, ganhou palco brasileiro com a montagem inédita de Bonnie & Clyde” Inspirada na audácia e na absurdidade dos célebres gângsteres, a história se baseou o filme Bonnie & Clyde – Uma Rajada de Balas, dirigido por Arthur Penn em 1967, com Faye Dunaway e Warren Beatty para criar a obra teatral com músicas de Frank Wildhorn (Jekyll & Hyde), letras de Don Black (Sunset Boulevard) e libreto de Ivan Menchell. Para saber mais do filme, dê uma lida na coluna de Ana Claudia Paixão que traz várias curiosidades da produção.
A adaptação do musical estreou em San Diego em 2009, chegando à Broadway em 2011, e conquistou duas indicações ao Tony Awards, além de três ao Outer Critics Circle Awards e cinco ao Drama Desk Awards, ambos incluindo Melhor Novo Musical. Em 2022, contou com uma temporada de ingressos esgotados no West End de Londres, onde reestreia em março, quase que simultaneamente com a montagem brasileira.
“A Bonnie gosta do risco. Ela não se contenta com uma vida pacata e não se vê sendo uma dona de casa que só cuida dos filhos. Ela é uma mulher que quer mais da vida, sonha com o estrelato, quer ser alguém notável e se apaixona pelo Clyde justamente por ele enxergar nela todo esse potencial. Me atrai fazer personagens que gostam do perigo. Que se arriscam por inteiro e que mergulham profundo nas relações. O amor é o grande mote desse musical. A Bonnie é uma emocionada e eu a enxergo como alguém que não tinha muito a perder. Ela queria sair daquela cidade, no meio de uma crise econômica, então qualquer coisa era melhor que morrer parada ali. No fim, ela conseguiu o que queria: entrar para a História”, explica a atriz Eline Porto que faz o papel de Bonnie no musical.
Movidos por paixão, ambição e adrenalina, as vidas de Bonnie Parker e Clyde Barrow se cruzam pela primeira vez em uma lanchonete, onde a garçonete conhece o “delinquente de berço”, por quem se vê seduzida a embarcar em um mundo de viagens e crimes, entre fugas e prisões, carros roubados, armas e charutos, assaltos a postos de gasolina, pequenos comerciantes e grandes bancos, sem imaginar que, pouco tempo depois, se tornariam um retrato histórico da Grande Depressão, período marcado pela crise econômica e social americana, que levou muitas pessoas a cometerem delitos em função do desespero e revolta, e a enxergar a dupla como figuras heroicas.
“Tem sido incrível. Eu sempre busquei os desafios e caminhos mais difíceis em minha carreira e por conta disso acho que foram me reconhecendo como um ator versátil. É a melhor definição que eu poderia receber, acredito que o ator precisa ser mesmo um camaleão, gostar de sair da zona de conforto. No caso do Clyde Barrow em específico, não é um protagonista comum, está sendo um dos personagens mais difíceis que já fiz. É o fora da lei mais conhecido do mundo, uma pessoa real que existiu e fez história contra o sistema.
Um apaixonante anti-herói, com qualidades, sonhos, defeitos, muitos roubos e assassinatos na ficha que são frutos de uma psiqué cunhada em meio a pobreza e a crise econômica causadas pela recessão americana”, explica o ator Beto Sargentelli que completa: “Como inspiração estou vendo muitos filmes do Clint Eastwood, o próprio Warren Beatty que eternizou o papel no filme clássico de Hollywood, e filmes que retratam a recessão americana. Além dos livros sobre Bonnie & Clyde disponíveis e também o livro da Blanche Barrow, única sobrevivente após a captura da Gangue”, conlui o ator que faz o papel de Clyde.
Enquanto Bonnie almeja alcançar o sucesso como artista e poetisa, Clyde, é um fissurado por carros que sonha viver sem se preocupar com dinheiro. Juntos eles somam forças em uma luta declarada contra o sistema, e instigados por um desejo de vingança, caem na estrada sem rumo, mas mantendo sempre o contato com parte da Gangue Barrow, formada também pelo irmão bandoleiro de Clyde, Buck, vivido por Claudio Lins, e a cunhada Blanche, vivida por Adriana Del Claro – que faz deste o seu retorno aos holofotes.
“É a minha primeira vez num musical estrangeiro, e confesso que já ansiava por essa experiência. E apesar dessa montagem de Bonnie e Clyde não ser exatamente uma franquia, percebo que a direção do João Fonseca tem muita sensibilidade para ver o que nos serve e o que vale a pena ser adaptado. O Buck é um presente. Não só porque me tira desse lugar do galã, mas também porque me possibilita mostrar uma faceta minha que o público pouco conhece: a comédia. Afinal, o irmão brilhante e arrojado é o Clyde. O Buck é mais inocente, e estou aproveitando pra me divertir com ele. Acho que o público vai adorar”, convida o ator e cantor Claudio Lins que faz o papel de Buck, irmão de Clyde.
Desafiando as autoridades, após dois anos de aventuras na contramão da polícia, o banditismo romântico só chega ao fim no dia 23 de maio de 1934, após serem delatados por um infiltrado na gangue. O casal fora da lei, que nunca demonstrou receio de apertar gatilhos e disparar contra quem cruzasse seu caminho, acaba capturado em uma emboscada armada na estrada de Louisiana, sul dos EUA, e executado com dezenas de tiros, o mesmo acontece com o carro, atingido por mais de 100 balas de diversos calibres, em uma operação comandada pelo capitão Frank Hamer, um Texas Ranger aposentado vivido por Renato Caetano, e que retorna ao posto como um reforço da caçada.
O elenco se completa com um time talentoso, que mescla nomes já conhecidos dos palcos com novos rostos que despontam na cena teatral: Aline Cunha (Eleanore), Aurora Dias (Cumie Barrow), Bruna Estevam (jovem Bonnie), Davi Novaes (John), Elá Marinho (Governadora Ferguson), Gui Giannetto (Pastor), Lara Suleiman (Mary), Mariana Gallindo (Emma Parker), Oscar Fabião (Xerife Schmidt), Pedro Navarro (Ted), Rafael de Castro (Henry Barrow), Thiago Perticarrari (Delegado Johnson) e Yudchi Taniguti (jovem Clyde).