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Helena Galante

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Helena Galante é diretora de portfólio de CLAUDIA e Boa Forma. Criadora do podcast Jornada da Calma, acredita que, com amor, nada neste mundo vai nos parar.
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Outubro: uma edição histórica

Antes do primeiro turno das eleições de 2022, queríamos falar de política do começo ao fim, em toda abrangência que esse fazer humano deve ter

Por Helena Galante
30 set 2022, 07h00
CLAUDIA de outubro de 2022: sonhar o amanhã, com obra de Aline Bispo
CLAUDIA de outubro de 2022: sonhar o amanhã, com obra de Aline Bispo (Camila Rivereto/Galeria Luis Maluf/CLAUDIA)
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Histórica. Em muitos momentos, eu e a corajosa equipe da redação usamos a tal palavra para descrever esta edição que chega nas suas mãos às vésperas das eleições de 2022. No mês em que completa 61 anos, CLAUDIA adiantou toda a sua operação de gráfica, distribuição e publicação digital para estar no ar antes do primeiro turno.

Não queríamos menos do que isso: falar de política do começo ao fim, em toda abrangência que esse fazer humano deve ter. Do entendimento que só um resgate da memória pode ampliar a mobilização social por um voto consciente, surgiu a necessidade de voltar no passado.

O resgate da história das mulheres na política, conduzido com lucidez e valentia por Clara Caldeira, mexe em pontos doloridos. Enxergar numa linha do tempo que só em 2001 foi criada a lei que tipifica e penaliza o assédio sexual ou que antes de 1979 a prática do futebol não era garantida às mulheres é bizarro. Parece que foi ontem, e foi.

Mas mais cruel é pensar o quanto as lutas femininas nos atravessam de formas diferentes e ainda estão longe de contemplar a população com equidade. Em 1827, as mulheres foram autorizadas pelo Estado a estudar além do primário; em 1879, a ingressar na faculdade. Ambas leis que antecedem a abolição da escravização de pessoas negras, ampliando o abismo das conquistas, tornando sua representatividade absolutamente questionável.

Foi nos rostos de figuras femininas de outros séculos e também do presente que encontramos esperança e força para seguir fazendo política no nosso dia a dia, além da esfera do poder público, mas também nele. A política está na forma como nos alimentamos, moramos, sentimos prazer, constituímos novas famílias, habitamos as cidades, ouvimos quem está à nossa volta e também a nós mesmas.

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O dia de amanhã, porém, depende dos passos que daremos.

Por isso, na capa desta edição que, sim, reiteramos a intenção que se faça histórica, trazemos a potente obra Anônimo (2022), criada pela artista Aline Bispo. De costas, com a faixa presidencial verde e amarela no peito, uma mulher preta. “Pensei nesse lugar de retomada. Quem tem que presidir esse país?”, questiona.

Nós confiamos que é possível sonhar um amanhã diferente. E muito melhor.

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