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Especialista em saúde mental usa experiência de vida para tratar pacientes

Durante anos, Tamires Cruz lutou contra a depressão. Para ela, viver sua doença e entender sobre ela foi fundamental para se curar e ajudar na cura

Por Da Redação
19 nov 2022, 08h33
tamires
A médica Tamires precisou lutar contra a própria depressão para encontrar caminhos e ajudar na cura de outras pessoas.  (Divulgação/Divulgação)
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Aos 31 anos de idade, prestes a concluir sua residência em psiquiatria, a médica especialista em Cuidados Paliativos e Saúde mental, com foco em Ansiedade e Depressão, Tamires Cruz, tem como sua razão de viver, auxiliar aqueles que sofrem de doenças psicológicas, mas não possuem as ferramentas necessárias para lutar contra elas.

A explicação para essa vontade de Tamires em ajudar as pessoas no controle de doenças psicológicas é encontrada em sua própria trajetória. Tamires teve uma vida cheia de atribulações, que a marcaram profundamente. Ela foi adotada ainda bebê pelos patrões de seu pai, que trabalhava como motorista de entrega em um dos supermercados que o casal possuía.  Para isso foi imposta uma única  condição: Tamires nunca poderia saber que era filha adotiva. “Por 10 anos convivi com meu pai sem saber da verdade. Até ele falecer e eu eventualmente descobrir toda a história. Minha revolta começou naquele instante”, diz.

Mais ou menos na mesma época, sofreu tentativa de violência sexual por parte de um funcionário de seus pais adotivos. Ele vivia em um quarto na casa onde Tamires morava e tentou abusar sexualmente dela. Com esses acontecimentos se dando ao mesmo tempo em sua vida, começou a se sentir muito triste e angustiada. “Eu sou católica e na missa sempre ouvia o padre falar que Deus havia criado todas as pessoas para serem felizes. Eu não era feliz e comecei a me sentir mal por isso, uma filha ingrata de Deus”, afirma.

Aparentemente, Tamires tinha tudo – pais que a amavam e uma vida confortável, sem problemas financeiros – mas, por dentro, o vazio só crescia. Em um momento estava feliz, mas, ao experimentar a solidão, ficava triste e angustiada. O fato de os pais não compreenderem e aceitarem a infelicidade da filha fez com que ela, aos 15 anos de idade, tentasse o suicídio. No hospital, lutando pela vida, fez uma promessa: se conseguisse se recuperar iria ajudar pessoas, que, como ela, estavam desesperadas, tristes e angustiadas.

Ao final de 20 dias no hospital, Tamires conseguiu recuperar-se fisicamente, mas para poder concretizar sua promessa, precisaria entender o que acontecia com ela, o que facilitaria ajudar a si mesma e aos outros. Mas logo que teve alta, não procedeu da melhor maneira para esse intento. O médico sugeriu que procurasse ajuda psicológica e psiquiatra, mas ela se recusou. “Naquela época, eu tinha muito preconceito, achava que psicólogo era para loucos e não para mim, que estava passando apenas por um momento difícil”, conta.

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“Eu tive uma gama de abalos emocionais que me fizeram várias vezes entrar em crise depressiva. Mas o pior foi enfrentá-las sozinha, porque as pessoas não compreendiam a dor que eu sentia e desvalorizavam-na”, relata. Conforme Tamires, nesses momentos de mais profunda dor e solidão, ela se sentia como se fosse uma alma perdida, vagando a esmo. “Eu não conseguia me conectar com minha essência e acabava sendo apenas um personagem, agindo conforme outras pessoas queriam e mandavam, apenas para agradá-las e não contrariá-las, o que invariavelmente me tornava mais infeliz”, ressalta.

A forma encontrada por Tamires para lidar com isso foi ocupar-se. Fazendo diversas tarefas ao mesmo tempo, evitava ao máximo que pensamentos negativos e pessimistas viessem a sua mente. Foi assim que deu os primeiros passos para cumprir sua promessa. Cursou de maneira concomitante as faculdades de Administração e Gestão Hospitalar e Medicina e em um intervalo curto fez pós-graduação e mestrado. “Durante este último, brotou a necessidade de me aprofundar mais sobre a mente humana”, diz.

Tamires ficou em dúvida sobre qual caminho seguir (psiquiatria ou saúde mental) nesta seara, mas seu pendor por estratégias não medicamentosas fez com que escolhesse a segunda opção em um primeiro momento. Atualmente, contudo, cursa residência em psiquiatria, e não é sem uma certa ironia que pensa naquela sua versão adolescente de 15 anos que “torcia o nariz” para profissionais que se dedicam a cuidar da mente.

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Os estudos e a prática profissional municiaram Tamires de ferramentas e técnicas para compreender melhor o que se passava consigo mesma: o porquê de sua tristeza, angústia, sentimento de culpa, de não se sentir digna e de querer agradar todo mundo a todo instante.  “Compreendi que sofria de ansiedade e depressão, que havia passado por fases de bipolaridade e apresentado comportamentos relacionados ao transtorno de personalidade borderline”, diz. Dessa forma, Tamires se tornou mais apta a ajudar aqueles que também padeciam de doenças semelhantes.  “Minha missão cristalizou-se”, afirma.

Para Tamires, ter passado pelo que passou, apesar de muito doloroso, foi fundamental para que conseguisse auxiliar no tratamento de seus pacientes. “Hoje eu percebo que eu tinha de melhorar primeiro para ajudar no processo de cura das outras pessoas, mostrando que, sim, é possível viver e ser feliz”, afirma. Ao viver sua história, Tamires acredita estar mais preparada para ajudar as pessoas, que estão no “fundo do poço”, como ela já esteve.

A partir de sua experiência de vida, Tamires participou como coautora do livro Seja (Im)perfeito – Assuma o poder de construir seu futuro e tenha resultados em todas as áreas da vida, lançado neste ano pela Editora Gente. No capítulo “Depressão tem cura”, ensina o caminho que o leitor pode percorrer para conseguir tratar a doença emocional, sem uso de remédios. Tamires é casada, mãe, e se considera, na atualidade, uma pessoa com uma vida equilibrada e feliz. “Consigo me levantar da cama e sorrir de verdade, abraçar uma pessoa e me sentir amada, algo que por muito tempo era impossível para mim.”

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