Ando precisando. Aliás, todos nós. Há um abandono em cada brasileiro que se sente arrancado de seu país. Sinto a nação, uma verdadeira mãe-solo, querendo dar conta de todos os seus rebentos mas sendo enganada pelas marionetes de plantão. Ouço prantos homéricos bem como aquele chorinho miúdo, sentido , quase gago. Perdemos nosso bercinho e há uma fralda suja que fede léguas. O cheiro do ralo revela o rego de uma cagada fétida. Estamos imundos. E além de fedidos estamos medrosos. Há uma melancolia roxa no ar. Não estamos conseguindo raciocinar de nossos sofás, lajes, viadutos. Uns no conforto do lar porém lotados de Rivotril e outros soltos, pirados, miseravelmente famintos. E nessa turba de mortos-vivos, cadê a chupeta? Aquele paninho? O Dudu pra dormir? Música de ninar? Cheiro de lavanda? Na idade madura os 50+ não querem consolar. Eles são os maiores órfãos da terra. Longevos em aniversários estão vendo a sua trajetória abreviada com a falta de vacina, civilidade, memória e carinho. É tempo de birra e esse berreiro virá dos mais velhos. Vamos fazer uma zoeira que não está na história. O objetivo? Não deixar ninguém dormir no ponto porque urge vivermos numa pátria mais gentil e materna. A gestação vai ser longa mas aqui ninguém abortará essa ideia.