As cariocas e os nudes
As trocas de genitálias (editadas e com filtro) estão rolando soltas entre os cariocas
Não sei vocês, mas receber um pau duro às 11 da manhã, de supetão, traumatiza. Nunca gostei de partes íntimas digitais. Não tenho tesão em sexo virtual, mas sinto que entre obas e olás, a carioca madura está se acostumando a pagar peitinho pelo zap. É novo pra gente.
Para se ter uma ideia, sou do tempo do telex. O fax já parecia coisa do demônio, e chegar ao metaverso com menos de 60 anos, tendo vindo da era Flinstones, juro, é para as fortes.
Mas aqui na cidade maravilha da alegria e do caos, tudo é encarado de forma blasé. Somos herdeiros do Império, fomos capital, os pobres favelados viram reis e rainhas no Carnaval, a Lava-jato fez história. Então como não achar normal essa invasão pirocal em pleno amanhecer? Fora que a cidade exala sexo.
As academias de ginástica são um pit stop, um esquenta do motel. A praia é uma espécie de varal de corpos humanos. Esticam-se tipos diversos, gêneros plurais e um sem número de bocas, bundas e bíceps. É o BBB popular e o prêmio maior é ganhar a gata sem ser líder de nada.
Basta uma boa lábia, jogar altinho, ajudar com baldinho, bater frescobol ou manobrar no surfe. São muitas opções para você causar. Dar match é questão de horas. Depois vem o pós-praia, com um pão na chapa para os pé-rapados ou um Aperol com sushi para os endinheirados.
O Rio, dizem os dermatologistas e ginecologistas, é a terra do embelezamento vaginal para a mulherada sarada que quer pepeca rosinha, apertada e plena de colágeno. Outra neura é o capô de fusca todo depilado, mesmo que os pelos na xota também estejam voltando à moda. Tendência Cláudia Ohana, se é que me entendem.
As produtivas – que ganham uma boa grana em seus ofícios – ascendem monetariamente na carreira, mas parecem ainda mais inseguras em suas vidas pessoais. Mesmo evitando falar que se sentem pressionadas a compartilharem suas vergonhas, elas entram no modo copy paste.
E até para mandar nude tem filtro. Mudam o aspecto visual do “equipamento” íntimo e assim, num vai e vem de mensagens que fariam corar Madame Satã, as balzacas não só recebem a genitália masculina como mandam – sem cerimônia – seu xibiu adulterado. Neste quesito, ainda vivo nos anos 1950. Prefiro um bom beijo na boca.