Black Friday das balzacas
"Tô de saco cheio desse negócio de não dormir, não gozar, não viver plenamente", escreve a colunista Kika Gama Lobo, sobre os efeitos da menopausa
Fiz uma analogia com a semana de promoção no Brasil. Herança gringa, os tupiniquins aqui decidiram rebaixar os preços. Penso muito no que eu venderia, remarcaria ou até daria de graça. Minhas celulites, rugas e pelancas? Ou a melancolia, insônia e o nevoeiro mental?
Bem que a menopausa severa poderia estar oferecida de brinde na prateleira da vida. Quem quer sofrer levanta a mão? Eu juro que prefiro rifar essa vibe da minha vida. Já avisei que não posso fazer reposição hormonal, não uso chip da beleza nem tenho implante hormonal. Já que não acredito em Papai Noel, chega dezembro, eu quero pedir a despedida da secura vaginal.
Tô de saco cheio desse negócio de não dormir, não gozar, não viver plenamente. Podem dizer que não busquei alternativas, mas fiz de um tudo. Tratamento fitoterápico, maca peruana, pasta de inhame, extrato de amora, concentrado de cranberry e mais uns tantos salamaleques para atenuar fogachos e calores.
Tudo balela. Na hora do vamuvê se mato um cristão agora ou já já, eu engulo os meus antidepressivos e aumento a carga na minha aula de Hi Dance e sigo me enganando que esta menopausa terá fim. Então se for para comprar alguma coisa que seja a liberdade de me sentir viva, fogosa e plena na menopausa em que eu me encontro. Isso vende no mercado livre? Frete grátis?