Impermanência
A soberania da existência é tão única que devemos antes de reclamar do fato, olhar a imensidão do ato de respirar, olhar, sentir
O mundo muda o tempo todo. Dia, noite. Magra, gorda. Rica, pobre. Juntos, separados. Quem nunca viveu essa gangorra? Pouco me acostumei. Sabia dessa volatilidade desde os primórdios, mas sou de certezas. Prato feito para a melancolia já que esse sobe-desce é próprio da vida.
Vão dizer que sou lenta, que demorei quase 55 anos para entender isso, mas o fato é que na maturidade estou recebendo melhor os altos e baixos. Tá feliz? Aproveita pois o vento muda. Argh, odeio essa previsão catastrófica dos astros fajuta, mas acabei de inventar um método inteligente para sobreviver aos solavancos. Faço a egípcia. Tenho vontade de furar o olho do cristão porém me mantenho altiva, bege, medicada. Não esperneio mais (melhor, menos). Uso de todo o aprendizado de zilhões de páginas de autoajuda; florais de Bach, Mozart, Wagner; inspira-expira das yogas que odiei fazer e miro o horizonte. Vai passar. Tudo passa.
A pergunta de cem milhões de dólares é como fazer o bom durar mais. Já sei. Adote um modelo de gratidão. Agradeça. O bom, o médio, o morno, o ótimo e até o péssimo. Como diz uma amiga minha: no frigir dos ovos, é tudo vida. Então, leitores, a soberania da existência é tão única que devemos antes de reclamar do fato, olhar a imensidão do ato de respirar, olhar, sentir. Sim, viver é a maior aventura e você a atriz principal desse enredo que pode ser comédia alto nível ou dramalhão pastelão. Gravando…
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