O ano novo arrastou né. 22 tá com um semblante estranho. Pálido. O acidente em Minas, as águas que transbordam rios afora, o vírus na pele de muitos. E aí eu penso: talvez a humanidade esteja mesmo mudando a casca. Passando por uma renovação doída, como todos os nascimentos. Do jeito que estava, ia dar ruim. Aliás, vem dando.
Mas qual a nossa real contribuição para esse renascer? Existe uma nova bula para viver? Existe um deslembrar da vida de sempre e uma nova atitude real e rápida para começarmos uma nova história dos homens e mulheres? Tem a eminência da guerra dos russos com a Ucrânia e a intervenção militar dos americanos. Tem o aquecimento global derretendo geleiras e escaldando o que já estava fervendo. Tem a insanidade baixando o santo e aparecendo em líderes mundiais como praga, mas também individualmente em vizinhos desconhecidos e nos amigos de sempre.
O mundo virou. Fazer o que? Juro, não é apenas um texto. É uma enquete. Qual sua ideia para um novo mundo? Não o que vai chegar, mas HOJE, o que você pretende fazer de novo para existir? Não vale frase feita. Não vale dar uma de Gisele com Dalai Lama e Leandro Karnal; tudo bem que a sensatez, a civilidade e a espiritualidade operam milagres mas quero algo realmente novo.
Pensei com meus botões que iria adotar uma nova Kika. Vou eu mesma me chamar de Monica, agir diferente, vestir diferente, comer diferente, trabalhar diferente. Tipo um personagem melhor do que de fato eu vinha sendo.
Começaria atuando e de tanto repetir inúmeras vezes novos padrões talvez eu virasse alguém mais especial. Os atributos que pensei seriam: capacidade de não reagir aos agressores; manter um equilíbrio estóico frente as adversidades, ver o lado bom de tudo; acordar e digerir problemas sem franzir a testa. Vê só. Tô achando que no segundo dia eu ia voltar pra Kika de sempre, porém ainda mais atacada.
Então qual o seu conselho para mim? Já sei. Alugar uma casa no mato e fazer a Jane madura? Acabar com as minhas contas das redes sociais e só me comunicar por telefone ou carta? Levar um mendigo para casa e cuidar dele como um Tamagotchi? Melhor não. Vai que eu me apaixono pelo ser humano maravilhoso por trás das roupas maltrapilhas e já, já ele estará sentado no meu sofá, bebendo uma cerveja e perguntando o que teremos para jantar?
Está puxado leitora. Melhor pedir ajuda aos universitários de plantão. Será? A maior parte nem sabe escrever mais em português. Posso pedir para descer?