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Kika Gama Lobo

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Focada na maturidade como plataforma pessoal, a jornalista Kika Gama Lobo escreve sobre as sensações e barreiras que as mulheres 50+ vivenciam
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Unatractifobia: o medo de pessoas feias

As belas que me perdoem, mas feiura é fundamental

Por Kika Gama Lobo
Atualizado em 5 jul 2023, 16h58 - Publicado em 5 jul 2023, 10h01
Espelho, espelho meu
A colunista Kika Gama Lobo reflete sobre o padrão dew beleza num mundo tão midiático (Jessica Graham/Getty Images)
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Nas festinhas juvenis, vi amigas tímidas e feias sempre preteridas às populares. Na maturidade, o bumerangue virou. As feias estão com tudo. Já falei sobre o poder da feiura e acho que é na idade adulta que essa temperatura sobe. Ardência. Hot.

A beleza, que pôs mesa até os 40 anos, despede-se das gostosas e divas para mirar o seu radar para as menos favorecidas. Tenho experimentado isso.

Nunca fui lindaaaaaa de viver, mas estava longe de ser baranga. Tinha amigas, hocrêndas, que estão hoje com tudo em cima. Permaneceram magras (as que eram “Olívia Palito”), com seus narizes imensos (viraram exóticas), peitões (agora sustentados por silicones) e até a falta de cabelo fez muitas assumirem a sua careca ou usarem perucas sem medo. Alternam: dias ruivas, loiras, morenas…. E a esquisitice no andar virou estilo.

“Num mundo tão midiático e com a entrada veloz da inteligência artificial em nossas vidas cotidianas, aí mesmo que esse padrão de beleza irreal vai explodir”

Kika Gama Lobo

Vocês vão dizer: Quanto preconceito! Mas para ilustrar essa coluna, só sendo politicamente incorreta. Puxa pela mente. Pense naquela menina sem graça do passado. Como ela está na idade madura? Muitas vão te surpreender.

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Então meu conselho para essas gatas do Instagram é que estiquem seus olhos e tenham a percepção de que nada dura para sempre e que o certo de hoje é o prato frio de amanhã. E essa obsessão de magreza, lindeza, pureza, certeza…. é de doer.

Num mundo tão midiático e com a entrada veloz da inteligência artificial em nossas vidas cotidianas, aí mesmo que esse padrão de beleza irreal vai explodir. E eu, que sempre fui esteta por natureza, estou me desconstruindo. Valorizo o estranho, o loser, o feio, o nerd, o quieto.

Essa sensação de vitória eterna, de vida perfeita, de existência plena – saúde, finanças, sexo, trabalho e, sobretudo, o tal do propósito, ai, que canseira. Não aguento mais essa vida plástica, bolha das bolhas.

Então fica o meu conselho: as belas que me perdoem, mas feiura é fundamental.

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