Se você me perguntasse 5 ou 10 anos atrás se um dia eu teria um blog sobre maternidade eu responderia, sem pestanejar: “Nunca, jamais”. Aliás, eu disse. Lembro de comentar sobre isso com algumas amigas, quando vi o movimento de jornalistas que viraram mães e se sentiam consumidas a falar muito sobre o assunto. “Mas elas só falam disso agora?”, disse. “80% das mulheres do mundo são mães (número totalmente inventado por mim, rs) faz parte da vida. O que tem tanto para falar sobre o assunto?”.
Ah, seu eu soubesse. Está aí uma bela aplicação da frase que toda mãe já disse e toda filha já escutou: “quando você for mãe, vai entender”. Eis que há 1 ano e 2 meses nasceu a Beatriz para me mostrar o QUANTO a vida muda, o QUANTO a gente se transforma depois de ser mãe. A mudança, claro, começa já quando a gente engravida – e um corpo que gera todo um outro ser humano não nos deixa esquecer isso. Mas, pelo menos pra mim, foi depois que estava com minhas filha nos braços que “realizei” o quanto minha vida tinha mudado. Mais que meu corpo – mas também ele: meus objetivos, meu amor, minha a rotina e minhas (até então tão valorizadas) noites de sono. Nada mais seria o mesmo depois do dia 2 de junho 2018.
Começo esse blog com esse post e aos poucos vamos nos conhecendo, mas deixa eu contar de saída algumas coisas sobre mim: sou uma pessoa muito otimista, positiva. Tendo a ver tudo com a maior leveza possível. Mas é preciso reconhecer no começo todas as mudanças que a maternidade fez em mim – e faz na maioria das mulheres – não são simples de encarar.
Nos primeiros meses de puerpério – essa palavra que passa de quase desconhecida à parte da nossa identidade depois de ter um filho – a gente perde e reencontra nossa identidade. De repente, abre o guarda-roupa e não reconhece as roupas que estão ali. Se descobre corajosa e, ao mesmo tempo, mais medrosa. Tenho uma amiga que mudou até o gosto musical “nada que eu escutava combina com minha vida agora”. Parece loucura, mas é bem real. Vem dessa transformação a ideia do nome desse blog. Para construir uma mãe é preciso desconstruir muitas ideias pré-concebidas de maternidade. Quando eu olhava isso de longe, antes de ter vivido, pensava que todas essas transformações eram automáticas. Elas podem até ser naturais mas envolvem processos emocionais (e às vezes físicos) bem fortes. É sobre isso ( e tantas outras coisas) que quero falar nesse espaço. Vem comigo?