Lembro do dia em que a Bulgari celebrou as duas décadas de criação do B. Zero I, design inspirado no Coliseu, símbolo absoluto da antiguidade romana. A joalheria, que foi fundada em Roma por um grego, resgata frequentemente a história e a beleza da cidade italiana por meio do design e da arquitetura nas suas coleções.
Como experiência, em 2019, a grife me levou para visitar o Anfiteatro Flaviano e conectar com a atmosfera do lugar. Assim como outros pontos turísticos da capital italiana, é impressionante o quanto a construção do monumento pode ser representado de forma tão especial em uma joia.
As Termas de Caracala, espaço para banhos construído durante o reinado dos imperadores Sétimo Severo e Caracala, é outra área da cidade que serviu de inspiração para um dos maiores ícones da grife, o Divas’ Dream. O formato de leque dos pingentes, que está presente em brincos, colares, pulseiras e anéis, tem origem nos pisos das ruínas que, inclusive, teve restauração financiada pela Bulgari entre 2015 e 2016.
Já o relógio Octo, que teve seus primeiros esboços em 2004, tem formato inspirado nos arcos da Basílica de Maxêncio no Fórum Romano e cria uma espécie de conexão entre a antiguidade e a modernidade em termos de conceito e construção para a relojoaria.
Toda a introdução que fiz, mostrando sobre a conexão entre a Bulgari e a arquitetura da sua cidade natal, só reforça o quanto o universo da sua joalheria e relojoaria estão em sintonia constante e as belezas romanas são constantemente traduzidas em coleções preciosas. A cada ano, há novas interpretações, combinações e maneiras de mostrar o quanto não existem limites para explorar seus ícones. E carregar uma peça com riqueza em termos de história é o diferencial – afinal, cada vez que mostro meu B. Zero I, talvez o grande ponto alto seja perguntar: “O que te lembra este formato do anel?”.
Tal assunto foi o tema (e conexão) da visita guiada que a marca ofereceu durante a abertura da edição da Casa Cor em Goiânia, com a apresentação feita pela curadora Wanessa Cruz, para seus principais clientes locais. Apesar da marca valorizar sua história e sua base romana, seu DNA é global e há formas de valorizar o que há de especial em cada território onde a marca está presente.
Entre os artistas visuais goianos estão Siron Franco, Pitágoras, Marcelo Solá, Sandro Tôrres, Ebert Calaça, Fabiana Queiroga, Eloísa Lobo, Fabiana Queiroga, Selma Parreira e Evandro Soares, que se repetem em vários ambientes também desenvolvidos por arquitetos e designers da região – com uma variação de ideias que explora, e muito bem, o uso das áreas externas do estado.
Afinal, como Wanessa Cruz mencionou, o clima goiano ajuda na maneira como sua população pode viver bem fora de casa – e com muito uso da luz natural. A experiência em si foi especialíssima, por destacar conceitos arquitetônicos e de décor em espaços que celebram profissionais criativos e suas ideias tão contemporâneas que respeitam a cultura e as adaptações regionais.
Ao fim da visita guiada, que passou por todas as interpretações de estilo, das mais conceituais às comerciais, de interesse do seu público, ficou a sensação da importância de valorizar conexões entre as mais diferentes áreas criativas. A base do design de uma série de produtos, seja de moda ou joalheria, tem grande chance de carregar histórias para descobrirmos e serem contadas.
No caso das joias, é ainda mais especial por carregar o conceito de herança, de passar a peça para as gerações futuras e seguir compartilhando, seja a história da Bulgari ou a sua própria. Porque, nascida em uma cidade apelidada como “Eterna”, as joias da marca também são.