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Sofia Menegon

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Sofia Menegon é feminista, idealizadora da podcast Louva a Deusa e consultora em relacionamento e sexualidade
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Como ter conversas difíceis (mas necessárias)

A comunicação é a chave para relações mais saudáveis, mas saber dialogar é uma dificuldade para muitos

Por Sofia Menegon
4 abr 2024, 15h00
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  • Se por um lado estamos em uma era de clamor por vulnerabilidade e diálogos abertos, sinceros e responsáveis, por outro, observamos uma crescente de sintomas da falta de habilidade e recursos para colocar tais mandamentos em prática. Ter conversas difíceis parece algo que tentamos evitar a todo custo.

    Nos tornamos adultos que aspiram a possibilidade de viver relações profundas e maduras, mas que não sabem como fazer isso na prática.

    Em partes, porque fomos criados por figuras castradoras, observando modelos relacionais engessados e com pouco espaço para o confronto, questionamento e até para expressar verdades impertinentes. Mas, também, porque nos agarramos aos discursos internéticos, instagramáveis e deixamos a dolorosa busca interna para uma outra hora. 

    Fato é: precisamos ser os seres humanos que queremos ser. Isso significa arregaçar as mangas, desbravar terrenos intimidadores e aceitar o imenso desconforto de olhar para dentro e assumir responsabilidades. E, nesse percurso, encarar conflitos e conversas indesejadas com coragem.

    Como colocar conversas difíceis em prática?

    Não complica: conversas difíceis, são conversas difíceis. Então, para quê complicar mais?

    Não inicie uma conversa difícil com fome, com dor de cabeça, em um ambiente desfavorável.

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    Se for possível, dê conta dos outros incômodos para que eles não tornem esse um momento ainda mais desafiador.

    Escolha um local e momento em que você possa estar de corpo, mente e coração presentes. Cada um deles tem o seu papel.

    Tome o seu tempo

    Uma conversa difícil no calor do momento pode facilmente se transformar em uma discussão muito maior e pouco produtiva. Distanciar-se do problema, da outra parte interessada, por um período, pode ser essencial.

    Prefira solicitar um tempo para refletir, elaborar e, então, voltar com mais tranquilidade para o assunto. Esse tempo pode ser de alguns minutos, algumas horas ou alguns dias. Mas, claro, lembre-se de que todos precisam estar cientes desse tempo. Sumir sem avisar e punir com o silêncio são o oposto do que estamos buscando aqui.

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    Tenha um roteiro

    O nervosismo e ansiedade podem fazer com que nos esqueçamos de tópicos importantes ou que nos percamos na nossa própria narrativa.

    Ter um script, desde que maleável e aberto ao que virá do outro lado da conversa, pode ser uma grande ajuda para conseguirmos nos expressar com clareza.

    Fale a sua verdade, sabendo que ela é sua

    Não existe diálogo de uma pessoa só. Uma conversa difícil é difícil também porque vamos nos colocar frente a frente com a perspectiva de outro alguém.

    Porque corremos o risco de ouvir o que nos escapou, de encarar verdades que não são nossas, mas que talvez precisem ser consideradas. É preciso dizer, mas é também imprescindível escutar. 

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    Prepare-se para ser humano!

    Ainda que nos preparemos para esse momento, somos humanos e a imprevisibilidade corre nas nossas veias. Não há matemática ou ciência exata capaz de garantir que tudo ocorra precisamente como esperado e desejado. 

    Pode ser que você encontre outras verdades que lhe cabem. Pode ser que precise improvisar, voltar atrás, pedir desculpas, reconhecer erros. Pode ser que você perca o controle. Pode ser que a outra pessoa se irrite. Pode ser que vocês digam o que não queriam dizer. E tudo isso é sinal de que tem carne, osso, neurônios e um sem fim de sinapses acontecendo aí dentro. 

    Ah, somos humanos. E conversas difíceis podem demandar uma pausa. Um respiro. Um tempo. Podem ser feitas em etapas. Podem ser recomeçadas. E tudo isso é sinal de que já caminhamos.

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