A educação financeira dos jovens brasileiros vai mal. Essa é a conclusão do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), um dos principais exames educacionais do mundo, realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo o levantamento, apenas 2% dos estudantes brasileiros atingiram o nível mais alto de desempenho em alfabetização financeira, contrastando com uma média de 11% do resultado geral.
45% dos nossos alunos estão no nível mais baixo de desempenho, enquanto a média da OCDE é de apenas 18%. Isso significa que quase metade dos jovens, no melhor dos casos, consegue apenas reconhecer a diferença entre necessidades e desejos, tomar decisões simples sobre gastos cotidianos e determinar a finalidade de documentos financeiros do dia a dia, como um boleto.
Entre os nossos estudantes, 63% se sentem confiantes em gerenciar seu dinheiro, comparado a 80% na média geral do Pisa. Com menos confiança, eles se tornam mais suscetíveis a serem influenciados por outros em suas decisões financeiras.
Os alunos que relataram que os seus amigos tinham uma forte influência nas suas decisões de compra obtiveram resultados 30 pontos menor do que os que disseram não serem influenciados. No Brasil, a diferença foi de 55 pontos.
Esses números denunciam nossa carência de conhecimento financeiro básico, o que preocupa, uma vez que a educação financeira, ao lado do pensamento criativo, é considerada uma competência relevante para o século 21 pela própria OCDE.
A educação financeira capacita os jovens a tomarem decisões informadas e responsáveis sobre seu dinheiro. Pessoas mais bem-educadas financeiramente são mais propensas a evitar dívidas desnecessárias, a planejar o futuro e a alcançar independência financeira. Em outras palavras, são cidadãos mais conscientes e preparados para enfrentar desafios econômicos.
Esse conhecimento pode também ser a chave para a redução das desigualdades sociais. Jovens de famílias de baixa renda com o conhecimento financeiro adequado, têm uma chance maior de quebrar o ciclo da pobreza e construir uma vida financeira estável.
Como melhorar a educação financeira
Otimista que sou, acredito que ter conhecimento sobre esses dados é um primeiro passo para mudarmos a realidade. Saber onde estamos, qual é o nosso ponto de partida, nos ajuda a traçar a rota para a transformação.
Disseminar o conhecimento e apresentar para os jovens a importância de ter o conhecimento financeiro é fundamental. Foi com essa crença que, em 2022, criei o jornal TINO Econômico (www.tinoeconomico.com.br), uma publicação sobre economia e finanças para adolescentes.
A publicação está completando seu segundo ano de vida e aos poucos vem conseguindo alcançar seu objetivo de levar a educação financeira para dentro das escolas.
Além da sala de aula, precisamos também levar a educação financeira para dentro das nossas casas. Envolver nossos filhos em conversas sobre dinheiro, ensiná-los sobre orçamento, poupança, investimento, consumo consciente e o valor do trabalho pode fazer uma diferença significativa.
A pesquisa mostra que estudantes que discutem questões financeiras com seus pais regularmente tendem a ter um melhor desempenho em alfabetização financeira.
Quanto mais conhecimento financeiro nossos jovens tiverem, melhor para eles e para toda sociedade. Acredito que este é o caminho para garantir um futuro mais próspero para todos.