O isolamento social decretado em inúmeros países como uma das principais medidas de contenção à propagação do novo coronavírus escancarou uma realidade que vem se perpetuando na vida das mulheres: a desigualdade de gênero.
No Brasil, desde que a quarentena foi decretada há pouco mais de dois meses, nós, mulheres, vimos nossa jornada de trabalho triplicar para dar conta de todas as atribuições. Está sob nossa responsabilidade o cuidado maior com os filhos, a administração da casa, e, para aquelas que estão trabalhando em home office, o desafio de atender com eficiência e agilidade às demandas profissionais.
Mais do que sermos multitarefas, estamos sendo testadas a manter o nosso equilíbrio emocional e mental, já que o bom funcionamento da casa, invariavelmente, recai sobre nossos ombros. É bem verdade que muitas de nós vivem uma realidade privilegiada, contando com parceiros mais colaborativos, mais presentes na educação dos filhos e na divisão das tarefas domésticas. Mas sabemos que esse recorte é bem pequeno em se tratando de Brasil. Entretanto, mesmo nas situações mais privilegiadas, é a mulher quem tem assumido a responsabilidade da maior parte das funções também nessa fase difícil que estamos atravessando.
Historicamente, sempre fizemos esse papel. E num momento em que estamos todos confinados em casa, essa questão salta aos olhos. Na maioria das vezes é a mulher quem está à frente na orientação das tarefas escolares dos filhos e do bem-estar geral da família gerenciando o que precisa ser feito para que a casa se mantenha abastecida, organizada e habitável. E, se for casada, ainda precisa administrar o lado mãe com o de mulher. Para as mães solo, essa missão é muito mais árdua pelo fato de não contarem com a parceria masculina para dividir todas essas questões.
A verdade é que com a “aglomeração” familiar imposta pelo confinamento, vimos explodir também uma triste realidade: a violência doméstica. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo, o número de casos de violência contra a mulher cresceu respectivamente em 30% e 50%. Muitas vezes achamos que somente as menos favorecidas sofrem com esse problema. Mas não é bem assim. Em todas as classes sociais a mulher sofre com agressões verbais e físicas.
O momento exige serenidade e sabedoria para contornarmos esses conflitos e os desafios cotidianos que essa crise está nos impondo. Por isso, pensei em algumas dicas que podem nos ajudar a passar de maneira mais leve pelos problemas que estamos atravessando.
Não esqueça de você
As horas parecem voar e a gente acha que não vai dar conta de tudo. Lembre-se de você, do autocuidado. Crie pequenos momentos de respiro e prazer no seu dia. Faça alguns minutos de meditação, pare para tomar um café com tranquilidade, ouça sua música preferida.
Divisão de tarefas
Se for casada, promova uma divisão de tarefas com seu marido. Caso os dois estejam trabalhando em esquema de Home Office, conversem e tentem encontrar um ponto de equilíbrio para que um não fique mais sobrecarregado que o outro.
Lazer com as crianças
Dedique um tempo para brincar com seu filho (a), para se divertirem juntos sem a cobrança do cumprimento das tarefas escolares ou da arrumação da casa. Divirta-se com eles, isso certamente vai lhe proporcionar alguns momentos de relaxamento.
Jornada de trabalho
Como nosso horário de trabalho está um pouco mais flexível, tente criar o seu expediente, organize seu dia. Evite virar a noite trabalhando, valorize seu descanso. Afinal de contas, no dia seguinte tudo começa novamente.
Momento mulher
Reserve um tempo para ser mulher, para se sentir bonita. Ninguém merece mais um momento de carinho e afeto do que você. Tome um vinho com seu marido, preparem juntos um jantar especial, assistam juntos a um filme ou uma série.