Passado um mês da estreia de ‘O Sétimo Guardião‘, o autor Aguinaldo Silva teve já todo o tempo e espaço esperado para apresentar seus personagens, sua história e cativar o público com o retorno de seu realismo fantástico. Infelizmente esse último item ainda não aconteceu, fazendo com que a novela tenha patinado na audiência. Não está mal como uma ‘Babilônia‘ da vida, mas passa longe de um ‘Segundo Sol‘ ou ‘A Força do Querer‘.
A proposta de Aguinaldo Silva era oferecer uma novela diferente para o público, mas ao mesmo tempo muito familiar. Ele abandonou as histórias ultrarrealistas dos últimos tempos (não sei o que tem de realismo numa marisqueira se tornando uma DJ de fama internacional, mas enfim) para apostar no Realismo Fantástico característico de décadas passadas, como na novela ‘A Indomada‘ (que, olha só que coisa, também é dele). A mudança de estilo deixou o público um pouco inquieto e confuso, e é bem comum encontrar pessoas que não entenderam muito bem o que é o gato León ou então por que não existe tecnologia na cidade. Curiosamente, a tal fonte milagrosa parece um tema que todo mundo lidou muito bem.
Ajustes na ambientação é coisa que dá pra arrumar facilmente numa novela, é só explicar melhor algumas coisas da história ou ser bem didático com o público. O problema é resolver a rejeição por personagens.
A principal crise de ‘O Sétimo Guardião’ é a falta de personagens interessantes. O casal principal Luz (Marina Ruy Barbosa) e Gabriel (Bruno Gagliasso) é um sonífero, a tão alardeada vilã Valentina (Lília Cabral num piloto automático) é apenas um amontoado de clichês de vilãs antigas do autor e nenhum dos guardiães demonstra muito carisma. A direção da novela não contribui com essa falta de carisma, pois muitos momentos que ficariam bons com uma ambientação cômica ficam cafonas quando o diretor tenta dar uma atmosfera soturna.
Algo que também me incomoda bastante em ‘O Sétimo Guardião’ é o excesso de referências a novelas antigas do autor. Elas não acrescentam em nada à história, e servem apenas para o público mais velho apontar para a TV e falar “ah, eu lembro disso“. O problema é que isso é algo recorrente do autor, então cansa um pouco vermos pena enésima vez um personagem sendo jogado escada abaixo ou alguma referência direta à frases de Nazaré Tedesco.
Mas ‘O Sétimo Guardião’ não é uma novela de todo ruim, precisa apenas reparar (grandes) arestas. Um destaque positivo que posso apontar é Mirtes (Elizabeth Savalla), uma “vilã da segunda divisão” que poderia muito bem ser promovida ao escalão principal da novela. Certo, o clichê de carola incomodada com a moral e os bons costumes é bem frequente, mas a atriz conseguiu dar um frescor. Sem contar que estamos num tempo em que é bem interessante debatermos a respeito de pessoas como essa moradora de Serro Azul.