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Provamos os drinques de Ryu Komorita, eleito melhor bartender do Brasil

Vencedor do World Class Brasil comanda o bar secreto do Drosophyla até o final de agosto, quando parte para representar o país no mundial

Por Naiara Taborda
Atualizado em 20 ago 2024, 15h43 - Publicado em 20 ago 2024, 15h00
Ryu Komorita atrás do balcão do Drosophyla Bar
Ryu Komorita atrás do balcão do Drosophyla Bar (Luri Mabe e Tales HIdequi/Divulgação)
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O que faz um campeão? Conversando com Ryu Komorita, eleito melhor bartender do Brasil e prestes a embarcar para o World Class pelo título mundial, ficou claro que essa é uma resposta complexa, mas que envolve ao menos três características: dedicação, estudo e uma boa dose de pé no chão. “Tem treino, preparo e um caminho longo”, garante, enquanto me serve um dos melhores drinques que já provei por aqui. 

Em passagem pelo bar escondido do Drosophyla até 28 de agosto, Ryu preparou uma carta especial com drinques autorais que fizeram parte de sua vitória no World Class Brasil. De lá, parte para a etapa mundial, que será disputada em Xangai, na China, em setembro. E, acredite, vale muito a pena provar. 

Dos números aos coquetéis

O caminho de Ryu até a coquetelaria não foi linear, muito menos planejado. Ele chegou a cursar engenharia por quatro anos, desistir para tentar a medicina e, só depois, partiu para o universo dos bares. 

“Pensei que precisava ganhar dinheiro para começar a tocar a minha vida. Como eu gostava de beber whisky, resolvi ver no que dava. Minha ideia inicial era ser especialista, sommelier, que é um curso caríssimo. Entrei em um bar e ali comecei a me interessar mais pela coquetelaria, fui estudar e descobri que era nisso que eu queria seguir. Hoje, whisky só para relaxar”, relembra, aos risos. 

Em 2022, apenas três anos depois de começar oficialmente na coquetelaria, o bartender deixou o Brasil para trabalhar com aquele que considera seu grande mestre, Shingo Gokan, em Okinawa, no Japão – influência que pode ser sentida em alguns de seus drinques, como o delicioso Scottish Missô Soup, que leva whisky Singleton, xarope de mel, Missô e vermute tinto, meu favorito da noite. 

De volta ao Brasil, em 2023, trabalhou no bar do Charm Nomiya e, em 2024, entrou para a sua primeira competição – a World Class Brasil, conquistando o primeiro lugar. Olhando assim, parece que a trajetória foi fácil e rápida, algo que ele garante não ser real. 

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Ryu Komorita
Ryu prepara o delicioso e aromático Gold and Herb. (Luri Mabe/Divulgação)

“Teve muito estudo, muita dedicação e muito treino aí. Eu já sabia da minha competência, mas nunca fui a pessoa que me achei ‘foda’. Rolou muita síndrome do impostor por bastante tempo, até pela minha criação. Eu sou uma pessoa que me jogo muito para baixo, eu gosto de me sentir menos para me ver melhor, para me dedicar mais e aprender mais”, revela. 

Foi o título de melhor bartender do Brasil que virou a chave, trazendo a certeza de que está, de fato, no caminho certo. “Foi ali que eu falei ‘ok, eu sou bom mesmo, posso aceitar os elogios’. Agora eu sei que posso estar a frente de uma equipe e dar meu nome para carregar uma casa, mas até pouco tempo não achava que estava nesse lugar. Ouvia os elogios e, mesmo sabendo da minha competência, não aceitava.”

Hoje, Ryu se inspira em seu mestre, já eleito o dono de bares mais bem sucedido do mundo, e Lula Mascella, do Picco, em São Paulo, que considera pessoas criativas e altamente competentes na gerência de suas casas. 

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Para o futuro? Comandar seu próprio bar: “Quero ser dono de bares, pode ser grande ou pequeno, não importa, mas tem que ser meu”. 

Rumo ao mundial 

Para Shangai, Komorita levará 8 coquetéis autorais, com ingredientes bem brasileiros. “Eu vou usar muito cupuaçu, cambuci e graviola, mas não posso levar a fruta in natura (não é permitido sair do país com frutas frescas), então vou ter que levar os preparados prontos. Não vou fazer nada com frutas frescas que não existam lá”, conta. 

A estratégia, aliás, é o primeiro passo para ser bem sucedido, e é fácil ver que ele está no caminho certo para trazer o título para casa. 

Mas e os drinques?

As mãos de Lilian Varella, proprietária do Drosophyla, e Ryu Komorita
As mãos de Lilian Varella, proprietária do Drosophyla, e Ryu Komorita (Luri Mabe/Divulgação)
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Para quem quer avaliar por si próprio a qualidade da coquetelaria de Ryu Komorita, é possível reservar um horário no bar escondido do Drosophyla até o dia 28 de agosto – e, garanto, vale a experiência. 

Os drinques são deliciosos, e parecem brincar com os sentidos: prepare-se para ser surpreendido, já que, em algumas das seis opções, o que você vê no copo não é o que espera sentir no paladar. Comece do mais suave ao mais forte, e deixe-se levar pelos sabores e aromas. A satisfação é garantida. 

Serviço 

Os drinques do Speakeasy com Ryu Komorita custam R$50, com exceção da opção chamuscada, que sai a R$68. 

Drosophyla Bar
Local: R. Nestor Pestana, 163 – Consolação
Horário: Terça a quinta das 18h até 1h, sexta e sábado das 18h até 2h

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