As mulheres que conduzem a nova série da Netflix, The Witcher
Série foi lançada com grande expectativa e já renovou para 2ª temporada
No gênero fantasia mulheres nunca tiveram problemas com o protagonismo. Verdade, em séries como Game of Thrones, que dominou as premiações e o mercado por 10 anos, mesmo com as mulheres liderando, preferiram encerrar com o machismo tradicional: mulher quer quer ou tem poder é má (Cersei) ou maluca (Daenerys) ou traidora (Sansa). Como Ragnar Lothbrok perfeitamente resume em Vikings, outra série onde as mulheres lutam de igual com os homens, independentemente do gênero, “Poder atrai os piores e corrompe os melhores”.
The Witcher, que estreou sexta (20) na Netflix, promete entregar toda expectativa que os fãs criaram ao redor da série. Os críticos podem não gostar, mas quem curtiu os livros de Andrzej Sapkowski e os jogos inspirados neles, vão aprovar. A série conta a história de Geralt de Rivia (Henry Cavill). Ele é o The Witcher (O Bruxo) que – para resumir sem spoilers – basicamente mata monstros, No primeiro episódio bate-se na tecla do caráter dele: não há lesser evil, ou o menos pior. Se é mau é mau, não tem meio termo. Mesmo com peruca a la Daenerys, Cavill está maravilhoso como Geralt. Desde a voz à ironia, ele é a personificação do personagem. Mas, os fãs sabem da importância das mulheres na trama, lideradas por Yeneffer (Anya Chalotra) e Ciri (Freya Allan), sem mencionar Triss, que conhecemos mas ainda não aprofundamos. A vida de Geralt é influenciada e conduzida ao redor dessas mulheres incríveis.
Yennefer tem, especialmente, a história mais emocionante da primeira temporada. Nasceu deformada, sofre abusos psicológicos e físicos até encontrar sua vocação mágica. Nos padrões sociais – mesmo da fantasia – ela é ‘feia’ faz o maior sacrifício feminino (abrir mão da maternidade) para ser bonita. A metáfora não é sutil. Arrependida da troca, ela passa buscar a “cura” obsessivamente. A série, roteirizada pela showrunner Lauren Schmidt Hissrich contextualiza brilhantemente a origem do conflito existencial de Yennefer. CLAUDIA conversou com Anya Chalontra (assim como Freya Allan) e foi direto ao ponto: qual é o preço para beleza? O que é beleza?
“Não sabia nada dos livros ou dos jogos quando me envolvi com o projeto”, confessou Chalontra, “O maior medo de Yennefer é não ser amada, ser insignificante, não deixar sua marca. Essa insegurança inconscientemente influencia todas decisões em sua vida, tanto para o bem quanto para o mal”, ela analisa.
Sua atuação é comovente. A Yennefer que os gamers conhecem não aparece de cara, nós conhecemos a verdadeira Yennefer primeiro. Nos envolvemos com sua história e quando ela surge, maravilhosa e poderosa, já estamos apaixonadas por ela também. “Yennefer é alguém em constante batalha com ela mesma e que recusa receber ‘não” como resposta, define a atriz, “Ela é uma sobrevivente, o que a torna uma sobrevivente poderosa”, completa.
Chalontra estava acompanhada por Allan e as duas, jovens, são diretas ao assumir o desconhecimento do universo ao redor de The Witcher. “Também não conhecia nada”, confessou Allan para CLAUDIA. A personagem de Ciri, defendida por Allan, é o coração da trama. Tanto Yennefer como Geralt acabarão envolvidos com o destino da pequena princesa.
“Ela é um pouco como os meninos e não quer cair na armadilha de ser uma princesa”, define a atriz. Depois de ficar órfã e tentar escapar dos homens que a perseguem por conta de seus poderes, Ciri começa sua aventura. Eventualmente ela, Yennefer e Geralt vão formar uma família nada convencional, mas por hora, vamos descobrindo a natureza da jovem que é a personagem que provoca toda a história. “Ela vai achar que tudo que passou vai valer a pena, mesmo que se no início pensou em desistir porque ela acredita que provoca morte e destruição”, revela a atriz.
Os oito episódios já estão disponíveis na Netflix. A crítica se dividiu, mas a série tem muita qualidade para quem gosta do gênero. A segunda temporada já está confirmada, mas não deve ser lançada antes de 2021.
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