Quem não está familiarizado com a CCXP (Comic Con Experience) provavelmente não compreende a magnitude do evento, mas a gente explica. Como o nome entrega, a feira foi criada para dar aos brasileiros “um gostinho” do que é a Comic Con – o maior evento de cultura geek do mundo, cuja edição mais importante acontece em San Diego, nos Estados Unidos.
Lançada em São Paulo em 2014, a empreitada deu MUITO certo aqui no Brasil. Hoje a versão paulistana já é a maior do mundo em termos de público. Segundo os organizadores, esse ano 280 mil pagantes circularam pela CCXP entre os dias 4 e 8 de dezembro.
E o que atrai tanta gente? Originalmente lançada como uma feira de quadrinhos (nos anos 1970, lá em San Diego), hoje a Comic Con concentra tudo que engloba o universo geek e a cultura pop do cinema e da TV. São dezenas de estandes enormes, montados por estúdios de cinema, emissoras de TV, serviços de streaming, lojas e marcas ligadas a esse universo. Há também espaços para gamers e a chamada Alameda dos Artistas, onde ilustradores e quadrinistas expõem seus trabalhos.
Mas a grande sensação da feira são os painéis dos estúdios de cinema e TV. Neles, o número de celebridades internacionais cresce a cada ano, para o delírio dos fãs que chegam a dormir na fila para garantir uma vaga no auditório principal da feira – que comporta cerca de 3 mil pessoas.
Além de contar com atores e cineastas badalados, os painéis também mostram conteúdo exclusivo sobre os lançamentos dos estúdios. Esse ano, o trailer de “Mulher-Maravilha 1984” foi visto primeiro em São Paulo e só depois chegou oficialmente à internet. O mesmo aconteceu com o trailer de “Free Guy”, filme da Disney com Ryan Reynolds.
Imagens exclusivas de “Os Eternos”, longa da Marvel com Angelina Jolie, também puderam ser vistas em primeira mão e não vão estar disponíveis para o grande público por um bom tempo – segundo prometeu Kevin Feige, o presidente da Marvel Studios.
O ano das mulheres na CCXP
Mesmo quem não se importa com filmes do universo geek sabe o que eles representam na cultura pop atual. Esse nicho é o que mais movimenta dinheiro no cinema e tem o poder de influenciar um número gigantesco de jovens. Dito isso, ver a grandeza da representatividade feminina em um evento como a CCXP é algo que merece ser enaltecido.
No primeiro dia de evento, o painel mais importante foi o de “Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa”, filme que pode ser um divisor de águas no universo cinematográfico dos quadrinhos. Estiveram em São Paulo a protagonista Margot Robbie, a diretora Cathy Yan e outras quatro atrizes: Jurnee Smollett-Bell, Mary Elizabeth Winstead, Rosie Perez e Ella Jay Basco.
O mesmo estúdio responsável por “Aves de Rapina”, a Warner, trouxe outro painel de peso: “Mulher-Maravilha 1984”, cravando que esse é definitivamente o ano das mulheres no universo cinematográfico da DC Comics. A atriz Gal Gadot e a diretora Patty Jenkins também estiveram em São Paulo e agitaram o último dia da feira.
No sábado, a Disney foi responsável por todos os painéis da arena principal e abriu os trabalhos fazendo a pré-estreia nacional de “Frozen 2”. No painel da Marvel, que é sempre um dos mais aguardados, “Viúva Negra” era a atração principal. E, além de contar a história da heroína dos Vingadores (vivida por Scarlett Johansson), o filme também é dirigido por uma mulher: Cate Shortland.

Kevin Feige, o presidente da Marvel Studios, foi quem fez as honras do painel – que não contou com atores e diretores. Além de falar sobre “Viúva Negra”, ele trouxe novidades sobre o outro grande lançamento do universo cinematográfico da Marvel: “Os Eternos”. E, veja você, esse filme também é dirigido por uma mulher: Chloé Zhao. Além disso, o principal nome do elenco é ninguém menos do que Angelina Jolie.
Ainda no sábado, tivemos o aguardadíssimo painel de “Star Wars”. Ele contou com os atores Daisy Ridley, Oscar Isaac e John Boyega e o incensado diretor J.J. Abrams. Em tom emotivo, os cinco falaram a respeito do final da atual trilogia da saga. Ao lado de Margot Robbie e Gal Gadot, Daisy completa o time de protagonistas femininas que brilharam nessa edição da CCXP.

Grandes filmes com grandes mulheres – em frente e atrás das câmeras. E a euforia dos fãs sinaliza que esse boom de representatividade feminina não tem nada a ver com um suposto “esquema de cotas” para cumprir tabela. CLAUDIA esteve em quatro dos cinco dias de evento e conferiu de perto os principais painéis desse ano. Presenciamos uma verdadeira multidão de pessoas que vibrou – e muito! – junto com essas mulheres todas.
É inegável a importância do universo geek na cultura contemporânea e o impacto dele na sociedade. Independentemente do gosto pessoal, ver a força crescente da representatividade feminina em filmes desse porte é uma ótima notícia.