Diretor Jean Luc-Godard morre aos 91 anos
Considerado um gênio da sétima arte, o franco-suíço lançou obras marcantes, como 'Acossado' e 'Uma Mulher é Uma Mulher'
Ícone da nouvelle vague, o diretor Jean-Luc Godard, que causou uma verdadeira revolução no cinema, faleceu aos 91 anos. Filho de banqueiros suíços, o mestre da sétima arte se afastou por completo dessa riqueza, e financiou seu primeiro curta-metragem com o dinheiro ganho no trabalho como operário.
Em seu primeiro artigo na revista francesa Cahiers du Cinéma, entitulado “Defesa e Ilustração da Decupagem Clássica”, ele defendeu os filmes feitos e montados à maneira clássica, o que aumentou sua reputação na indústria. Famoso por questionar o cinema como um todo, foi icônico já em sua estreia: Acossado, de 1959, foi montado totalmente no improviso, sem roteiro ou planejamentos mais profundos.
Com a ajuda de seu fotógrafo, Raoul Coutard, criou um estilo próximo ao das reportagens, com câmeras na mão e quase sem luzes artificiais, captou ruas ao vivo, fora do estúdio e fugiu das convenções. Gostava da liberdade, e cada um de seus filmes era um novo experimento.
Já com carreira estabelecida, casou-se com a atriz dinamarquesa Anna Karina, e a lançou no sucesso Uma Mulher é Uma Mulher, de 1961. Um relacionamento amoroso que durou menos que a parceria cinematográfica entre ambos. Entre seus maiores sucessos estão Alphaville, de 1965, que venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim, e Bando à Parte. Além de revolucionar a maneira como o cinema era feito, Godard também lançou talentos, como Marushka Detmers. Ganhou também um Oscar Honorário, entregue em 2010, e uma Palma de Ouro honorária, em 2018 – não buscou nenhum dos prêmios, como era seu costume.
Causa da morte
A causa da morte não foi divulgada no comunicado oficial, que deveria sair apenas em dois dias. Foi antecipada por conta de um vazamento na impressa, e diz apenas que o cineasta morreu tranquilo e rodeado por seus entes queridos, entre eles a esposa Anne-Marie Miéville, com quem estava desde 1971. Apesar disso, a imprensa internacional especula sobre um possível suicídio assistido, que teria sido confirmado pela família ao jornal francês Libération, prática que é permitida por lei na Suíça desde 1942.