Emanuelle Araújo revela bastidores das cenas de sexo em ‘Olhar Indiscreto’
Além da preparação psicológica, atriz contou com a ajuda de uma ‘coordenadora de intimidade’ para praticar as sequências mais picantes
Olhar Indiscreto, novo seriado de suspense da Netflix, já está disponível no catálogo. A produção — que conta com uma equipe majoritariamente feminina — vem dando o que falar nas redes sociais por conta de sua narrativa que mescla elementos do suspense psicológico e thriller erótico. Sim, pense em clássicos dos anos noventa como Instinto Selvagem: essa é a vibe da obra protagonizada por Emanuelle Araújo e Débora Nascimento.
A trama (dirigida por Luciana Oliveira) acompanha Miranda (Débora), uma hacker habilidosa que passa os dias espionando a rotina de sua vizinha Cléo (Emanuelle), uma prostituta de luxo. Contudo, essa assídua observação acaba jogando Miranda em um mundo sedutor, picante e extremamente perigoso. Não tem como perder, né?
A seguir, você confere uma entrevista exclusiva com Emanuelle Araújo, onde a estrela revela detalhes dos bastidores, importância do protagonismo feminino no audiovisual e muito mais:
CLAUDIA: Como foi o processo de construção de sua personagem? Me conte sobre a preparação e os estudos envolvidos.
Emanuelle Araújo: Assim como o projeto, a preparação foi bastante intensa. A Cléo é uma personagem extremamente complexa, repleta de camadas. Portanto, entender o psicológico dela foi essencial para mim. Nos primeiros episódios, há essa carga sensual, pois ela é uma mulher sexualmente livre que está ingressando na carreira de prostituta de luxo. Por isso, precisei pesquisar e mergulhar neste universo das profissionais do sexo, justamente para não estereotipar as meninas. Tive que quebrar os meus tabus para não influenciar a Cléo, pois ela é livre de quaisquer amarras.
CLAUDIA: Neste processo de construção de personagem, quais semelhanças e diferenças você descobriu que compartilha com a Cléo?
Emanuelle Araújo: Não há semelhanças, ela é diferente de mim em todos os aspectos. A considero muito intrigante e misteriosa. É muito bom quando conseguimos usar aspectos de nossa personalidade para interpretar personagens, mas, desta vez, precisei acessar locais inexplorados de minha mente. Cléo me fez abrir gavetas que ainda estavam fechadas. Ela é uma menina muito livre em termos físicos, mas aprisionada psicologicamente. Então foi muito interessante pensar no quanto uma mulher com tamanha liberdade sexual pode estar tão presa a um modo de enxergar a vida. Esse contraponto é incrível, pois eu me considero uma mulher livre. Prezo a minha liberdade de alma, o quanto eu posso expandir o que eu sou neste planeta.
CLAUDIA: A produção de Olhar Indiscreto é comandada majoritariamente por mulheres. Temos Luciana Oliveira na direção e outras figuras femininas conduzindo a fotografia, arte e por aí vai. Como você enxerga o impacto deste olhar predominantemente feminino na narrativa?
Emanuelle Araújo: Quando a Luciana [diretora] me chamou para a série, ela me contou até mesmo como iria utilizar a câmera para transmitir a mensagem certa. Isso já me seduziu antes mesmo de ler o roteiro. Apenas isso me fez perceber que, apesar da produção ter uma pitada sensual, há um contexto por trás disso. O sexo não é a prioridade… E isso pra mim já é uma visão feminina. É ótimo ver séries com um contexto sexual marcante, mas que a peça central ainda é a história. Para nós atrizes que lidamos com uma indústria dominada por homens, a diferença de estar num ambiente cercado por mulheres é gritante. Isso me confortou e potencializou a minha vontade de aceitar o trabalho. Estou orgulhosa!
CLAUDIA: Conte um pouco sobre as gravações das cenas de sexo em Olhar Indiscreto. Quais cuidados a produção tomou para que a experiência não fosse desconfortável?
Emanuelle Araújo: Conversamos muito sobre essas cenas, especialmente porque os dois primeiros episódios têm muitos momentos picantes. Nem preciso dizer que o preparo foi imenso. Contamos com a ajuda de uma coordenadora de intimidade, que é algo novo no mercado. Ela nos treinou especificamente para as sequências de sexo. Lidar com essas cenas é como lidar com filmagens de brigas e confrontos, onde há um profissional que nos orienta por onde o soco deve vir, para qual lado a perna vai, essas coisas. E eu sempre senti falta disso no audiovisual. Precisávamos de alguém conduzindo, pois é uma fantasia. Quem está assistindo precisa acreditar que é verdade. A partir daí, nós estudamos, pesquisamos e descobrimos a melhor forma de executar cada ato. Por isso, no momento em que a diretora grita ‘ação’ no set, aquilo já está dominado, e fica fácil se sentir livre para interpretar o sexo da forma mais natural possível dentro da psique da personagem.
CLAUDIA: Não é exagero afirmar que interpretar Cléo foi um grande desafio físico e psicológico em sua carreira. Você consideraria esta personagem como a sua mais difícil?
Emanuelle Araújo: Definitivamente foi uma personagem marcante em minha carreira. Saí deste trabalho maravilhada com a jornada. É um dos meus trabalhos mais desafiadores, com certeza. E não digo isso pela parte sexual, mas sim por conta da carga psicológica da Cléo. Ela tem muitos pensamentos distintos, e é difícil transmitir tantas vontades em uma única pessoa. Mas foi uma delícia. Digo sem dúvidas que este projeto está marcado em minha história.