Traição é uma das coisas que mais assustam dentro de um relacionamento e, honestamente, quando você passa por algo assim, é raro analisar com uma ótica positiva. Nesta semana, a Netflix nos apresenta o filme O Lado Bom de Ser Traída, que colocaxeque o que podemos tirar de uma situação como essa. Estrelado por Giovanna Lancellotti, Camilla de Lucas, Bruno Montaleone, Leandro Lima, e Micael, a trama é a adaptação do livro homônimo escrito pela brasileira Sue Hecker, pseudônimo de Débora Gastaldo.
Com temática erótica, acompanhamos a história de Babi (Giovanna Lancellotti), uma mulher bem-sucedida que tem, aparentemente, a vida perfeita e em breve vai se casar com Caio (Micael).
Na despedida de solteiro, ela descobre que foi traída (por muitos anos) e sua vida sai completamente dos eixos! Sua grande amiga, Pati (Camilla de Lucas), fica do seu lado o tempo todo e tenta ajudá-la. Para superar, Babi decide mudar o visual e deixar isso no passado. Nessa nova fase, ela conhece Marco (Leandro Lima), um juiz misterioso e atraente, que tem tudo para ser um problemão, mas Babi acaba caindo nos encantos dele e se envolve em uma romance perigoso.
O Lado Bom de Ser Traída chega nesta quarta-feira (25) na Netflix e, antecipando o lançamento, conversamos com Giovanna Lancellotti e Camilla de Lucas, que faz sua estreia em um longa-metragem.
As duas atrizes contaram que não se interessavam por livros e tramas eróticas antes de protagonizar o filme. Mas essa foi a porta de entrada para que elas adentrassem neste universo.
“O público alvo é feminino, mas não era uma coisa que me pegava e esse filme mudou minha perspectiva”, conta Giovanna. “Eu também não consumia e, como a Giovanna falou, me trouxe um despertar”, completa Camilla.
Para conhecer mais sobre o gênero, elas se jogaram nos “clássicos” do tema: a trilogia 365 dias, da Netflix, e de 50 tons de Cinza. Mas ambas contam que fugiram da abordagem masculina de sexo que esses exemplos trazem, já que O Lado Bom de Ser Traída tem um outro foco, ligado a liberdade sexual feminina. O longa tem um alto teor sexual, como o tema pede, e as atrizes comentaram que esse foi um dos desafios nas filmagens.
“Como foi meu primeiro trabalho, eu acho que [o maior desafio] foram as cenas de sexo, eu nunca tinha feito. Em meu primeiro trabalho fazer uma cena de sexo oral?”, conta Camilla dando risada.
“Foi tranquilo, eu me diverti durante a cena e ri muito”, completa.
Camilla conta também que acha muito curioso que as pessoas adoram se chocar com cenas de sexo, mas que é algo que não foge da realidade – e filmes erótico são uma forma de trazer certa despretensão em torno disso.
“Não é nada diferente daquilo que as pessoas fazem em casa. Todo mundo faz sexo, as pessoas gostam de transar, mas quando a gente olha a gente ainda tem aquele tabu. Eu acho que o filme vai trazer essa naturalidade”, comenta.
Para Giovanna, foi também uma ascensão de como ela se enxerga como mulher. “Nessas cenas sexuais era o meu corpo, não tinha Babi [personagem dela] e eu estava pensando em mim, sabe? Teve esse desafio meu, de quebrar uma barreira. Eu nunca tinha feito nada assim, apesar da minha profissão e exposição, nesse sentido eu me considero um pouco mais conservadora”, conta a atriz.
“Foi um desafio, mas também foi muito importante e acho que foi um amadurecimento tanto profissional, quanto pessoal. Eu tenho 30 anos, mas eu sou muito brincalhona. Sabe aquela pessoa que tem tendência a sempre ir para o lado mais jovem? Esse filme foi importante até para eu saber me colocar em outro lugar“, completa Giovanna.
O filme traz o protagonismo feminino sexual e também a sororidade, ao mostrar a amizade entre Babi e Pati. Elas são melhores amigas e bem diferentes, o que cria uma parceria ainda mais sincera entre as duas.
“A gente tem esse ponto de divergência entre as duas, que são muito amigas e trocam muito sobre sexo, falam muito disso, mas, ao mesmo tempo, uma tem mais liberdade. A Babi, às vezes, tem vergonha das coisas que a Pati fala. Mas elas são muito felizes como amigas, mesmo com suas divergências, isso é muito interessante de se mostrar”, aponta Giovanna.
Giovanna se identifica com a sua personagem em alguns pontos, assim como Camilla. “A Pati e eu temos algumas coisas parecidas, como a energia. Eu também sou aquela amiga que levanto a outra se a minha amiga está mal. Eu vou lá eu falo: ‘meu amor, acorda, reage, para de chorar por macho’. E em algumas questões sexuais, ela já é mais ousada. Mas eu acho que esse outro lado, da parceria com a Babi, eu exerço muito esse papel na minha vida”, revela.
“É preciso ter amigos que nos levantem e que possamos conversar sobre sexo também, que é um tabu. Muitas mulheres têm vergonha de compartilhar seus desejos e dúvidas. Eu acho que é bom estar com uma amiga para se reunir, conversar e trocar experiências. Então, eu tenho um pouco da Pati, mas nem tudo!”, completa Camilla.
E falando em amizade, Giovanna Lancellotti conta que o que falta em outras produções eróticas é justamente uma dose de realidade, porque a estética performática só fica bonita na tela e olhe lá. “Por exemplo, em 50 Tons de Cinza falta uma amiga para a protagonista falar: ‘o cara é maluco e está fazendo um contrato. Você acha que eu assino?’. Sabe, eu acho que, às vezes, a gente foca tanto nisso da sedução que esquece que existe uma vida real. Ninguém é 100% sexo o tempo inteiro, isso não sustenta nem um filme ou um relacionamento.”
Camilla completa que falta também um lugar feminino mais assertivo. “Eu acho que trazer o protagonismo para mulher nesse sentido dela ser quem está comandando as próprias decisões. Quando a gente vê esses filmes, é sempre focado no homem e em uma personagem mulher inocente”. Com muita leveza e bom humor, as duas atrizes trazem esse lado mais feminino em uma produção com foco em mulheres.
Como já citamos, O Lado Bom de Ser Traída é um dos lançamentos da semana na Netflix e chegou ao catálogo nesta quarta-feira (25).