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Leituras de CLAUDIA: contos e reflexões sobre amor e humanidade para maio

As recomendações de maio vão da psicanálise até estudos da infância na literatura de Clarice Lispector.

Por Joana Oliveira
Atualizado em 9 Maio 2022, 08h51 - Publicado em 9 Maio 2022, 08h37
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  • Das reflexões sobre a psicanálise a respeito do amor e da solidão, dos limites entre humanidade e natureza até estudos sobre a literatura de Clarice Lispector e contos que perpassam o universo do masculino, as recomendações de leituras de CLAUDIA em maio propõem pontes entre auto-relato, não-ficção e histórias inventadas. Deleite-se!

    Escute as Feras – Nastassja Martin

    Capa do livro 'Escute as feras'.
    (Editora 34/Divulgação)

    Quem tem coragem de encarar um urso de frente e olhá-lo nos olhos? Em uma tarde outonal no extremo leste da Sibéria, a jovem antropóloga francesa Nastassja Martin não teve opção. Quando um grande urso cinza cruzou o caminho da bela mulher loira, alta e de olhos claros, ela devolveu o olhar da fera, e o bicho a atacou, estraçalhando seu maxilar e a maçã do rosto. Nastassja se defendeu com o quebra-gelo e também lhe tirou sangue. O urso foi embora, mas aquele encontro se eternizou, e para além do rosto desfigurado. Ela, que vivia há meses com o povo nativo even (cerca de 6.000 caçadores e coletores) e que já havia passado mais de um ano no Alasca com outro povo primitivo, os gwich’in (escreveu uma premiada monografia etnográfica a seu respeito), faz em Escute as Feras (Editora 34) mais que um relato, uma reflexão sobre o animismo, a ideia de que não há fronteiras entre os seres humanos e os demais seres da natureza. O livro é um mergulho na essência da nossa humanidade e do nosso primitivismo e dá uma certa vontade de encontrar um urso por aí e abraçá-lo. 

    As Crianças de Clarice: Narrativas da Infância e Outras Revelações – Mell Brites

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    Capa do livro Clarice Lispector
    (Editora Uncamp/Divulgação)

    Nesta obra recém-publicada pela Editora Uncamp, a pesquisadora Mell Brites investiga como Clarice Lispector retratava as crianças em sua literatura,  partindo de quatro contos voltados ao público adulto (Restos do CarnavalCem anos de perdãoFelicidade clandestina Os desastres de Sofia) e cinco livros voltados para o público infanto-juvenil de sua autoria (A Mulher que Matou os Peixes, O Mistério do Coelho Pensante, A vida Íntima de Laura, Quase de verdade e Como Nasceram as Estrelas). A pesquisadora busca compreender de que forma a curiosidade pelo infantil se associa à procura pela origem, movimento fundador na criação literária de Clarice, e como se dá a relação entre os tempos da meninice e outros temas de grande relevância em seus textos. Ela observa, por exemplo, que as personagens se sentem isoladas nos contos adultos, em cenários onde a felicidade só se manifesta pela entrada na fantasia ou pela experiência do despertar da sexualidade. Com uma linguagem simples e direta, a leitura de As Crianças de Clarice é um deleite para os admiradores da obra da autora.

    Lusco-fusco – André de Oliveira

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    Capa do livro 'Lusco-fusco'.
    (Uruatu/Divulgação)

    Num conto, um menino é constantemente repreendido na escola por “ser do jeito que é”. Em outro, um homem adicto perambula pelas ruas de São Paulo, mostrando ao leitor situações cotidianas da grande cidade que se tornam invisíveis aos olhos desatentos dos que transitam no automatismo dos dias. Essas são algumas das sete histórias que o jornalista André de Oliveira reúne em Lusco-fusco (Editora Urutau), sua estreia literária na ficção. Sempre perpassados por questões que orbitam o universo masculino, os contos de André são – como disse o experiente autor João Anzanello Carrascoza – “rios que, embora tenham margens próximas, apresentam águas profundas e correntezas poderosas, convidando à imersão leitora”.

    A Gente Mira no Amor e Acerta na Solidão – Ana Suy

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    Capa do livro de Ana Suy.
    (Editora Planeta/Divulgação)

    Em seu novo livro, lançado em abril pela Editora Planeta, a psicanalista Ana Suy traz reflexões, a partir de diálogos, sobre o amor e a solidão. A obra surgiu de experiências vividas por Ana em salas de aula, sessões de análise (enquanto alisada ou analista), com amigos e em leituras de pesquisas teóricas. Com uma escrita objetiva, mas sensível, a autora explica que a solidão não deve ser tratada como patologia, mas sim como um sentimento inerente à condição humana e que não se esvai quando amamos outras pessoas. “Amar é algo que aprendemos sendo amados. É porque alguém em algum momento nos amou na vida, ainda que tenha amado mal, que a gente aprende a amar, ainda que ame mal. Mas nossas primeiras experiências de amor são irremediáveis”, escreve a psicanalista.

     

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