Luciana Sagioro: a mineira que chegou ao posto inédito de bailarina da Ópera de Paris
Bailarina desde os 3 anos, Sagioro combina talento incomparável a uma presença que inspira e transcende os limites dos palcos
Quem vê a jovem Luciana Sagioro flutuando pelos palcos talvez só encontre uma palavra para defini-la: predestinada. Equilibrada sobre suas sapatilhas de ponta, a mineira de Juiz de Fora mostra, a cada espetáculo, que o balé faz parte de sua natureza.
“Minha família nunca teve ligação com a arte. Sinto que nasci para isso, que meu propósito é a dança.”
O despertar para o balé
O “amor à primeira vista”, como ela chama, surgiu aos 3 anos, durante uma aula experimental de balé. Aos 10, a paixão virou compromisso e este, por sua vez, exigiu coragem: deixou a família para viver no Rio de Janeiro com uma cuidadora e estudar na Petite Danse, uma das escolas de dança mais prestigiadas do país.
“Precisei ter maturidade muito nova para entender que seria preciso abdicar de estar com pessoas que amo pelo meu trabalho. Mas tinha uma voz que dizia: ‘Vai, Lu, acredita!’”
Do Prix de Lausanne a clamada Ópera de Paris
Essa aposta impulsionou uma das trajetórias mais notáveis do balé brasileiro. Após anos de festivais e concursos mundo afora, em 2022 Luciana conquistou o 3º lugar no Prix de Lausanne, a “Copa do Mundo da Dança”, na Suíça. O resultado trouxe reconhecimento e o tão sonhado convite para integrar a Ópera de Paris.
“Me sinto lisonjeada por ser a primeira brasileira nesse lugar. É uma representatividade enorme para os bailarinos, para a cultura e a arte do país.”
Ponto de equilíbrio
Como coryphée, líder do corpo de baile da companhia, aos 19 anos, ela vive uma rotina intensa, muitas vezes sem folgas, mas que a ensina a equilibrar a “Luciana dos palcos” e a “Luciana pessoa”, como gosta de dizer. É nessa segunda versão, com a família como fonte de inspiração, que encontra forças para continuar.
“Os desafios são a medida dos nossos sonhos. Se eles são grandes, o desafio também será.”
Humilde ao reconhecer os privilégios financeiros que a ajudaram a chegar lá, ela quer abrir caminhos para outros jovens talentos: “Mesmo pessoas famosas não são inspiradoras se não forem humildes. Pelo Brasil não valorizar ou investir na arte, muitos bailarinos têm os mesmos sonhos que eu, mas não os mesmos privilégios. Por isso quero ajudá-los, criando uma associação.”
Além dos palcos
Cada passo de Sagioro ainda guarda o encanto daquela menina que descobria o balé pela primeira vez. Só que agora, com sede de mais: ela deseja ser mãe, progredir com sua marca de suplementos alimentares, a LS Groupe, e conquistar o cargo de étoile, o mais honrado da Ópera de Paris.
“Sei que já sou uma inspiração para muitos, mas, pra mim, só quando chegar lá serei ‘a’ inspiração”, diz, com a confiança de quem sabe que seus pés em ponta ainda podem levá-la mais longe.
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